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Ataque com drones à Polónia: "Putin está a testar a Europa e enviou um sinal a Trump", dizem os especialistas

Vladimir Putin durante uma reunião no Kremlin, em Moscovo 10.09.2025
Vladimir Putin durante uma reunião no Kremlin, em Moscovo 10.09.2025 Direitos de autor  Vyacheslav Prokofyev
Direitos de autor Vyacheslav Prokofyev
De Dominika Cosic
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Dois antigos vice-ministros da Defesa Nacional: Michał Dworczyk e Tomasz Szatkowski, numa entrevista à Euronews, concordam que os ataques com drones não foram acidentais.

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A intrusão de drones no espaço aéreo polaco causou uma preocupação compreensível, mas também questões sobre o propósito deste ataque e possíveis cenários de como a situação poderia evoluir.

Quando questionado pela Euronews sobre o que a Polónia deve fazer nesta situação e, acima de tudo, o que podemos esperar dos aliados, Michał Dworczyk, antigo vice-ministro da Defesa Nacional e agora vice-presidente da subcomissão de Defesa e Segurança do Parlamento Europeu, respondeu:

"Antes de mais, devemos pedir apoio para selar a defesa aérea na nossa fronteira oriental. A encomenda e a implementação deste tipo de equipamento requerem tempo, de que não dispomos, pelo que, enquanto não tivermos as infraestruturas adequadas, temos de contar com o apoio dos aliados. Mas também apoio quando se trata de reconhecimento e alerta contra meios de ataque aéreo, ou seja, drones, mísseis, etc."

O artigo 4 da NATO

Por sua vez, Tomasz Szatkowski, também antigo vice-ministro da Defesa e embaixador da Polónia na NATO, falou-nos dos procedimentos adotados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte nestas situações.

"No que diz respeito ao artigo 4º, de que toda a gente fala agora, é geralmente aplicado de forma quase automática a pedido de um país membro. É, afinal, apenas uma questão de consulta. O procedimento é que um país membro faz um pedido ao secretário-geral que convoca uma reunião - foi o caso, por exemplo, a 24 de fevereiro de 2022, após o ataque russo à Ucrânia. As consultas têm então lugar e esta é a reação mais fraca. Ao mesmo tempo, porém, é um sinal político importante. Muitas vezes, há também uma declaração conjunta que exprime solidariedade ou até anuncia uma ação. E a NATO tem essas possibilidades, por um lado, através do Conselho do Atlântico Norte, que é um órgão político, e, por outro lado, através do Comando Estratégico, que tem a possibilidade - graças aos planos operacionais - de tomar medidas concretas. Isto é, por exemplo, enviar tropas ou equipamento".

Rússia está a testar a resposta da NATO?

A pergunta que fizemos aos dois entrevistados foi até que ponto se pode falar de um incidente acidental e até que ponto se pode falar de uma ação deliberada.

"Uma ação acidental é uma opção muito irrealista, porque estes incidentes acontecem demasiadas vezes. Já houve incidentes com foguetes, incidentes com drones e há cada vez mais incidentes, com uma frequência crescente. Por isso, isto parece mais um teste à reação da NATO, mas também, claro, da Polónia. Quando digo a reação da Polónia, refiro-me à reação das nossas forças armadas, da administração e da classe política", explicou Michał Dworczyk.

E acrescentou: "Até agora, sim, à exceção de alguns pequenos e desnecessários beliscões do primeiro-ministro Tusk. Mas é mais importante que as declarações se traduzam em ações reais. E em breve haverá um teste. Solicitámos que a comissão de defesa nacional no Sejm polaco seja autorizada a participar nas discussões sobre a forma como o dinheiro do SAFE, ou empréstimos da UE para a compra de equipamento militar, será gasto. Trata-se de uma enorme quantia de dinheiro, 43,7 mil milhões de euros, que estamos a pedir emprestado como Estado e que deve ser atribuída de forma justa, incluindo aos fabricantes polacos de defesa aérea, tanto estatais como privados".

Tomasz Szatkowski também exclui uma ação aleatória:

"A minha sensação é que se trata mais de enviar um sinal - a questão é para quem? Na minha opinião, em primeiro lugar e acima de tudo para os americanos, e relaciono isto com a insatisfação expressa pelo presidente Trump com a falta de progressos nas conversações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, bem como com a recente visita do presidente Karol Nawrocki aos EUA e o anúncio americano do envio de mais tropas para a Polónia. A Polónia é um país instável, na linha da frente. Querem mesmo enviar mais tropas para lá? Estão a ver do que somos capazes. A questão é saber como é que os americanos vão reagir a isto. O presidente Trump, por um lado, não quer uma escalada do conflito, mas, por outro lado, não gosta de recuar nas suas promessas", concluiu Szatkowski.

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