Gustavo Petro afirma na Assembleia Geral da ONU que deveria haver "processos criminais" sobre os ataques dos EUA a alegados navios de tráfico de droga.
O presidente colombiano Gustavo Petro exigiu uma investigação criminal contra Donald Trump e outros funcionários norte-americanos envolvidos em recentes ataques aéreos mortais contra embarcações nas Caraíbas que, segundo Washington, transportavam drogas.
Este mês, os Estados Unidos realizaram ataques mortais contra três embarcações alegadamente de tráfico de droga, marcando uma escalada significativa na iniciativa da administração republicana para combater o tráfico de narcóticos da América Latina e das Caraíbas.
No discurso proferido na reunião anual da Assembleia Geral da ONU, na terça-feira, Petro condenou os ataques e acusou Trump de criminalizar a pobreza e a migração.
"Devem ser abertos processos criminais contra esses funcionários, que são dos EUA, mesmo que isso inclua o funcionário de mais alto nível que deu a ordem: presidente Trump", disse Petro sobre os ataques.
Petro afirmou que os passageiros do barco não eram membros da quadrilha venezuelana Tren de Aragua, ao contrário do que afirmou a administração Trump após o primeiro ataque.
Se os barcos estavam a transportar drogas, como alegado pelo governo dos EUA, Petro disse que os seus passageiros "não eram traficantes de drogas; eram simplesmente jovens pobres da América Latina que não tinham outra opção".
O discurso de Petro foi proferido pouco depois de o presidente venezuelano Nicolás Maduro ter anunciado que o seu governo estava a preparar uma série de decretos constitucionais para defender a soberania da nação na eventualidade de um "ataque" das forças norte-americanas.
Maduro acusou a administração Trump de utilizar as acusações de tráfico de droga como pretexto para uma operação militar, cujo objetivo é derrubar o seu governo.
Poucos detalhes são conhecidos sobre os ataques mortais, o primeiro dos quais ocorreu a 2 de setembro e matou 11 pessoas, de acordo com a Casa Branca.
As autoridades norte-americanas afirmaram que essa embarcação e uma outra que foi alvo de um ataque a 16 de setembro tinham partido da Venezuela. Três pessoas morreram no segundo ataque.
Os Estados Unidos afirmaram ter atingido um terceiro barco na sexta-feira, matando três pessoas. No entanto, não foram dados pormenores sobre o local do ataque ou a origem da embarcação.
A administração Trump ainda não explicou como é que os militares americanos avaliaram a carga dos barcos e determinaram a alegada afiliação dos passageiros a gangues.
Vários senadores, democratas e alguns republicanos, bem como grupos de direitos humanos, questionaram a legalidade da ação de Trump.
Os ataques seguem-se a um grande reforço das forças marítimas dos EUA nas Caraíbas.
"Disseram que os mísseis nas Caraíbas foram utilizados para travar o tráfico de droga. É uma mentira afirmada aqui, nesta mesma tribuna", disse Petro no seu discurso de terça-feira, no que parecia ser uma referência direta a Trump, que falou horas antes.
"Foi realmente necessário bombardear jovens pobres e desarmados nas Caraíbas?", questionou ainda.