Líderes e atletas lutam pelo reconhecimento, segurança e capacitação na 20.ª edição do evento em Paris.
"Coragem" foi o tema da 20.ª edição do "Fórum das Mulheres para a Economia e a Sociedade", que se realizou esta semana em Paris.
Na quinta e sexta-feira, líderes empresariais, atletas, ativistas e decisores políticos reuniram-se para debater a igualdade, a capacitação e a violência e discriminação persistentes que afetam as mulheres em todas as esferas da vida.
Desde 2005, o evento tem constituído uma plataforma independente para as mulheres trocarem ideias sobre questões económicas e sociais.
Este ano, o Fórum pôs em evidência os progressos alcançados e o caminho que ainda falta percorrer.
As disparidades salariais persistem, as sobreviventes de violência sexual dizem que não são credibilizadas, e optam por não denunciar os crimes e, no desporto, muitas atletas continuam expostas ao assédio e ao sexismo.
Um dos temas do Fórum foi o desporto, que se por um lado é um veículo de capacitação, por outro também a visibilidade, o sexismo e a violência continuam a ser desafios significativos.
"Quando se olha para o desporto feminino, este não recebe a atenção que o desporto masculino recebe. E não há razão para que assim seja. O trabalho que as mulheres fazem para estar ao mais alto nível do desporto é igual ao que os homens fazem", afirmou Nanette Lafond Dufour, presidente do "Fórum das Mulheres".
Nanette Lafond Dufour abordou igualmente a prevalência do assédio no desporto. "Uma em cada três mulheres jovens é vítima de assédio sexual ou sexista no desporto", disse à Euronews.
A campeã afegã de taekwondo, e refugiada Marzieh Hamidi, que fugiu dos Talibãs e vive atualmente em França sob proteção policial foi uma das vozes da linha da frente. Depois de ter recebido ameaças de morte e de violação, aproveitou o Fórum para apelar à atenção internacional para as atletas que vivem sob regimes repressivos.
"É muito importante usar a minha plataforma para falar sobre a situação no Afeganistão e ser a voz daqueles que não têm voz, como as jovens raparigas no Afeganistão que não têm liberdade", disse Hamidi.
"Estou a continuar esta luta. Não é fácil", disse. A atleta admitiu ainda estar num momento frágil. "Estou perdida na vida; não me sinto bem,estou deprimida, mas quero lutar porque é o meu dever como ser humano", disse em declarações à Euronews.
Angélique Cauchy, uma antiga estrela do ténis francês que foi violada entre os 12 e os 14 anos pelo seu treinador, dirige agora a ONG Rebond, juntamente com a empresa de eletricidade Engie, que trabalha para prevenir o abuso no desporto.
"Em todos os torneios de que somos parceiros, realizamos ações de sensibilização dirigidas a um público-alvo, como treinadores, dirigentes, voluntários, jovens ou pais. O objetivo é que todos aprendam a reconhecer, a denunciar e a prevenir a violência contra menores no desporto", afirmou Cauchy.
Acrescentou ainda que a sensibilização, por si só, não é suficiente. "Gostaria de ver o que foi feito nas empresas que conduziu a projetos de lei, para que estas ideias sejam levadas ao Parlamento. Quando se legisla, estas iniciativas tornam-se a norma, e é assim que vamos mudar a sociedade", explicou.
Para muitas participantes, os próximos passos não são novas ideias, mas sim a aplicação. Procuram transformar projectos-piloto em políticas, promessas em financiamento e sensibilização em proteções obrigatórias.