A Arábia Saudita e a Rússia chegaram a acordo para manter a produção de petróleo nos níveis atuais. O ministro da Energia da Rússia reuniu-se, esta
A Arábia Saudita e a Rússia chegaram a acordo para manter a produção de petróleo nos níveis atuais. O ministro da Energia da Rússia reuniu-se, esta terça-feira, no Qatar, com o homólogo saudita.
O objetivo dos dois países produtores de petróleo é travar a queda abrupta do preço do crude. Em junho de 2014, o barril de Brent era negociado a 115 dólares mas encontra-se, hoje, abaixo dos 35 dólares.
“Não queremos que os preços variem de forma descontrolada e não queremos reduzir a oferta. Queremos responder à procura e queremos preços estáveis”, anunciou o ministro do Petróleo da Arábia Saudita.
A Rússia sublinhou que o congelamento da oferta está dependente da participação de mais países. Para já, o Qatar e a Venezuela, concordaram em manter a produção nos níveis de janeiro.
Em janeiro, a Arábia Saudita produziu 10,2 milhões de barris de petróleo por dia, uma redução de 300 mil barris em relação ao pico de junho de 2015. No mesmo período, a Rússia produziu 10,9 milhões de barris por dia, um recorde da era pós-soviética.
Mas os planos dos dois países esbarram contra os interesses do Irão. Teerão aumentou a produção de crude após a suspensão das sanções internacionais.
Para falar sobre as razões e consequências da decisão da Arábia Saudita e da Rússia, convidámos Nour Eldeen Al-Hammoury, analista da ADS Securities, em Abu Dabhi.
euronews: A minha primeira pergunta tem a ver com o timing da decisão. Os preços estão em queda há mais de um ano. O que motiva esta tentativa de restabelecer os preços?
Nour Eldeen Al-Hammoury: “Os produtores de petróleo partiram sempre do princípio que os preços iriam aumentar quando houvesse uma retoma da economia global, no hemisfério norte durante o inverno. Mas isso não aconteceu. Agora eles sabem que têm de agir. Não podem agir ao nível do abrandamento económico mas podem trabalhar juntos para gerir a oferta e os preços. É o primeiro passo importante e o início do diálogo é positivo”
euronews: “Quais são as consequências deste acordo? Os quatro produtores concordaram em congelar a produção, será que vamos assistir a uma diminuição da oferta? Qual é a mensagem que eles pretendem enviar aos mercados?”
Nour Eldeen Al-Hammoury: “O primeiro passo foi dado. Agora sabemos que quatro dos maiores produtores querem trabalhar juntos para gerir a oferta. Não esperamos que haja uma redução da oferta, imediatamente após este encontro, mas traçou-se um caminho a seguir. Toda a gente sabe que atualmente não há alternativa ao petróleo. Por isso, gerir a oferta é a melhor forma de estabelecer um preço de mercado correto.
É um sinal positivo para os mercados. Não fiquei surpreendido com a descida dos preços a que assistimos hoje mas esperamos uma cooperação mais profunda entre os países da OPEP e os grandes produtores”.