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Espanha aumenta investimento na rede elétrica de alta tensão para evitar saturação e cortes de energia

Pedro Sánchez, durante um encontro com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer
Pedro Sánchez, durante um encontro com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer Direitos de autor  AP Photo
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De Cristian Caraballo
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O executivo esapanhol autorizará um montante suplementar de 7,7 mil milhões de euros para a distribuição e de 3,6 mil milhões de euros para o transporte de eletricidade. Os fundos serão utilizados para reforçar a rede, satisfazer a nova procura e melhorar a segurança.

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O governo espanhol prevê afetar 13,59 mil milhões de euros à rede de transporte de eletricidade de alta tensão até 2030, um valor 65% superior ao plano atual (2021-2026) e que permitirá multiplicar por 14 a capacidade da infraestrutura. O executivo mobilizará ainda mais 7,7 mil milhões de euros para redes de distribuição (média e baixa tensão) e 3,6 mil milhões de euros no transporte (alta tensão), anunciou a terceira vice-presidente e ministra da Transição Ecológica, Sara Aagesen.

O transporte e a distribuição são atividades reguladas em Espanha e funcionam em regime de monopólio natural: a Red Eléctrica Española (REE) no transporte e a Iberdrola, a Endesa e a Naturgy na distribuição. Estas empresas desenvolvem as infraestruturas com limites estabelecidos pelo governo, uma vez que o seu financiamento tem impacto na fatura de eletricidade que acaba por chegar ao consumidor.

Atualmente, o investimento máximo é equivalente a 0,065% do PIB para a transmissão e 0,13% para a distribuição. Com o novo decreto, que está sujeito a consulta pública até 6 de outubro, as empresas poderão ultrapassar estes limites, desde que cumpram determinados objetivos.

Pelo menos 10% do investimento deve ser destinado a reforçar a segurança da rede, 15% a cobrir novas necessidades de consumo e 5% a medidas de proteção da avifauna. Além disso, as empresas terão de submeter os seus planos a consulta pública e a avaliações anuais, podendo ser penalizadas se não cumprirem os objetivos de investimento.

Para além desta decisão, o Governo apresentou um plano para a rede de transporte de eletricidade até 2030, com um investimento previsto de 13,59 mil milhões de euros. O plano prevê 422 novos ramais de ligação para responder a uma procura de 27,7 GW, dos quais 13,1 GW para a produção de hidrogénio verde, 9 GW para projetos industriais, 3,8 GW para centros de dados, 1,8 GW para empreendimentos residenciais, 1,2 GW para eletrificação de portos e 560 MW para caminhos-de-ferro.

As ações incluem o reforço das redes de distribuição no País Basco, em Múrcia e em Madrid, a ligação de zonas industriais em Castela e Leão e na Galiza e a integração de novos projetos nas Astúrias, em Aragão, na Catalunha, em Valência e na Estremadura.

Redeia culpa central de Badajoz pelo apagão de abril

No passado dia 28 de abril, um apagão afetou milhões de pessoas na Península Ibérica, deixando grande parte da população sem energia durante várias horas. Quase cinco meses depois, Beatriz Corredor, presidente da Redeia (antiga Red Eléctrica de España), compareceu no Senado para explicar os acontecimentos e apontar os responsáveis.

Durante a sua intervenção, Beatriz Corredor sublinhou que a investigação interna levada a cabo pela empresa não identificou quaisquer falhas no operador público, apontando diretamente as empresas privadas de eletricidade como a principal causa do incidente. De acordo com as suas declarações, foi possível determinar com "provas físicas" que a origem do apagão se encontrava numa central fotovoltaica situada na província de Badajoz.

Embora os relatórios oficiais mantenham o nome da empresa proprietária da central no anonimato, a presidente da Redeia não hesitou em indicar que as irregularidades tiveram origem nessa instalação. O corte de energia, que teve início às 12:03 - menos uma hora em Lisboa - do dia 28 de abril, foi associado a uma "oscilação extraordinária" de 0,6 Hertz, causada pelo que Corredor descreveu como "má gestão e mau controlo" da central fotovoltaica.

Nas suas declarações, Corredor revelou ainda que a empresa em questão reconheceu que estava a fazer uma espécie de "experiência" na forma como operava o seu sistema, o que, segundo a presidente da Redeia, foi a causa que desencadeou uma reação em cadeia, comprometendo a estabilidade da rede elétrica nacional e deixando milhões de cidadãos sem energia.

A situação, que ainda está a ser analisada e debatida, levanta questões relacionadas com a gestão e segurança das infraestruturas energéticas, num contexto de crescente aposta nas energias renováveis. Entretanto, continuam a ser apurados os responsáveis pelo incidente, mas as autoridades ainda não anunciaram medidas definitivas para evitar futuros apagões desta dimensão.

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