"A menos que a infraestrutura de carregamento acompanhe o aumento do número de veículos elétricos, será difícil para o setor manter-se em expansão", afirmou o CEO da Tata Elxsi, Manoj Raghavan.
O Tata Group é o maior conglomerado da Índia, com um valor de mercado combinado de cerca de 283 mil milhões de euros, segundo o valor calculado em março de 2025. Algumas das empresas mais conhecidas do grupo são a Tata Steel, a Air India e a Tata Motors, proprietária da Jaguar Land Rover.
O grupo inclui também a Tata Elxsi, uma empresa de design e engenharia. Conhecida por trabalhar em colaboração próxima com a Organização de Investigação Espacial Indiana, a empresa também atua no desenvolvimento de soluções para a indústria automóvel.
A UE decretou que até 2035 irão deixar de ser vendidos carros novos com motor de combustão interna (ICE) na região. Mas, a apenas dez anos do prazo, será que estamos no caminho certo para cumprir esse objetivo?
Neste episódio de The Big Question, Hannah Brown recebe Manoj Raghavan, CEO e diretor-geral da Tata Elxsi, para discutir a forma como a inovação no design pode ajudar a Europa a atingir os objetivos estabelecidos em relação aos veículos elétricos.
De quantos carregadores de veículos elétricos precisa a Europa?
Segundo Manoj, o custo dos veículos elétricos e a disponibilidade de carregadores são os dois fatores principais a afastar os europeus da escolha de veículos elétricos.
"No meu entender, a Europa precisa de, no mínimo, três milhões e meio de pontos de carregamento públicos, ou, no máximo, oito milhões", explicou Manoj.
Atualmente, estima-se que exista cerca de um milhão de carregadores em toda a Europa, concentrados sobretudo nas cidades mais importantes dos Países Baixos, da Alemanha e da França.
"No entanto, o desafio não se prende apenas com o número de carregadores públicos, mas também com o número de carregadores rápidos disponíveis", acrescentou.
Atualmente, na Europa, existe apenas cerca de um carregador para cada 13 veículos elétricos. Manoj estima que, para que esta seja uma opção conveniente para a população, o número deva rondar os 1:2 ou 1:3.
Além disso, precisamos que cerca de 60 a 70 % dessas estações sejam de carregamento rápido, mas, neste momento, apenas 13 % delas apresentam essa capacidade, afirmou.
"Com mais veículos elétricos na estrada, e, especialmente, durante as horas de ponta ou durante a época festiva, há muitas pessoas na estrada e os carregadores ficam congestionados, o que não proporciona uma boa experiência de utilização aos condutores, e isso leva a que as pessoas comecem rapidamente a sentir falta dos motores a combustão interna", acrescentou Manoj.
"Por isso, penso que, a menos que a infraestrutura de carregamento acompanhe o aumento do número de veículos elétricos, será difícil para o setor manter-se em expansão".
Inovação nas baterias
Os veículos elétricos já existem há algum tempo, o que significa que os problemas relacionados com incêndios, avarias e custos das baterias foram drasticamente reduzidos, embora muitos argumentem que os preços elevados continuam a ser um obstáculo à aderência dos consumidores.
Um dos principais problemas que a indústria enfrenta é o custo, tanto financeiro como ambiental, da obtenção de matérias-primas para o fabrico de baterias e para a segurança do fornecimento.
"Penso que a melhor situação para o ambiente é termos um material alternativo que esteja disponível em abundância. Talvez o silício, talvez a areia, talvez o sódio, ou afins. Há muita investigação em curso e, nesse caso, não precisaríamos de toda esta extração de lítio e de outros metais pesados de terras raras", explicou Manoj.
Manoj também sugeriu que o desenvolvimento de novos materiais para as baterias permitirá, nos próximos cinco a dez anos, que os utilizadores aumentem a autonomia em 1000 km em apenas cinco minutos.
Salientou igualmente a necessidade de aumentar a capacidade de reciclagem da geração atual de baterias. Num relatório de 2024 publicado pela ONG Transport & Environment, estima-se que a reciclagem local de baterias de veículos elétricos poderá fornecer metais suficientes para produzir mais de dois milhões de veículos elétricos em 2030 na Europa.
"A Tata Elxsi criou a solução do passaporte da bateria, para que as empresas consigam acompanhar alguns destes materiais desde a extração até ao fim de vida e utilizações futuras", explicou Manoj.
"Os fabricantes precisam de uma solução deste tipo porque, à medida que lançam veículos, haverá múltiplas variantes de baterias no terreno. Mesmo para eles, será um pesadelo gerir todos os tipos de baterias que estão a vender e acompanhar cada uma delas."
E continuou: "Assim, em conjunto [com o passaporte de bateria], temos também a solução da réplica digital, construída por nós, que permite acompanhar o desempenho de cada bateria e, inclusive, ir até ao nível da célula. Portanto, todas estas ferramentas e técnicas estão disponíveis, e, claro, ao utilizar algumas delas, o que fazemos é encorajar a reciclagem, encorajar a reutilização do lítio e, eventualmente, esperar que isso reduza o stresse ambiental."
The Big Question é uma série da Euronews Business onde nos reunimos com líderes e especialistas da indústria para discutir alguns dos tópicos mais relevantes da atualidade.
Veja a conversa completa com Manoj Raghavan, da Tata Elxsi, no vídeo acima.