Constituem o duo de piano mais famoso do mundo: Katia e Marielle Labèque do país basco francês. Há mais de 30 anos que as irmãs tocam juntas e complementam-se na perfeição. Katia é vista como a mais extrovertida e Marielle como mais calma e romântica.
“O equilíbrio é um milagre. Estamos felizes por partilharmos as nossas vidas e é por isso que estamos felizes por também fazermos música juntas”, realça Katia Labèque. A irmã acrescenta:
“Por partilharmos tudo. É verdade. Partilhamos tudo, quer seja a felicidade, quer os infortúnios da música e das viagens. Temos muita, muita sorte”.
Herdaram o amor pelo piano da mãe italiana, que era professora e as ensinou a tocar este instrumento.
É um desafio tocar em duo, porque as pianistas não veem as mãos uma da outra. Aprender a respirar juntas e sentir o mesmo ritmo é essencial.
“O que é bonito, depois de tantos anos a tocar juntas, é encontrar uma certa liberdade e não nos sentirmos como quando começámos, como muitos duos que se tornaram em algo muito mecânico, porque se pensa demasiado no facto de tocarmos em conjunto. Isso torna-nos um pouco mais rígidos, somos como uma espécie de metrónomo. E por vezes, precisamente, é melhor assumir os riscos, aprender a respirar juntas”, explica Marielle.
O repertório para dois pianos e orquestra é limitado. As irmãs criaram uma fundação para apoiar a criação de novas peças.
Mas há uma peça que este duo toca desde o início: o Concerto de Francis Poulenc para dois pianos e orquestra. O compositor francês, que escreveu a peça em 1932, combina influências de todo o mundo.
“É uma peça muito bela, que me dá imensa energia. Poulenc disse que era sobre grandeza, energia e violência. Não o considero um concerto violento, mas quanto à energia é verdade. Está tão bem escrito. É o seu estilo. Quer dizer, ao utilizar os de todos os outros compositores, um pouco de Mozart, um pouco de Stravinsky, um pouco de Ravel, criou a sua própria linguagem”, diz Marielle.
“É muito sensível, emocionante, muito poético”, sublinha Katia. “É também muito delicado”, completa Marielle.
“Há imenso humor, mas nunca é pretensioso, pesado, pomposo”, realça Katia.
As irmãs Labèque sentem-se em casa em qualquer grande palco mundial, mas há algo que é sempre um desafio: há sempre um piano diferente em cada ocasião.
“Todas as noites temos de nos adaptar a um novo instrumento. Essa é a primeira coisa difícil. E depois ele é enorme. É um grande animal negro. Portanto, não podemos verdadeiramente abraçá-lo, mesmo se no final acabemos por o fazer. É uma imagem”, afirma Katia.
“O que é um verdadeiro milagre depois de tantos anos é o nosso desejo de tocar juntas. Essa é sempre a maior das surpresas”, conclui Katia Labèque.
Nesta reportagem pode ouvir trechos da peça de Francis Poulenc: Concerto para dois pianos em D menor.
Se quiser ouvir outros excertos da nossa entrevista, em francês, às pianistas Katia e Marielle Labèque, clique no seguinte link: http://fr.euronews.net/2011/12/21/interview-avec-les-soeurs-labeque