A cantora síria Waed Bouhassoun acaba de apresentar na cidade francesa de Lyon o seu mais recente espetáculo. “A Síria de que eu gosto” é o nome de
A cantora síria Waed Bouhassoun acaba de apresentar na cidade francesa de Lyon o seu mais recente espetáculo. “A Síria de que eu gosto” é o nome de uma série de concertos que pretendem mostrar ao público a riqueza cultural e étnica da Síria.
“Queremos mostrar a diversidade das culturas do norte, do sul e do centro da Síria”, afirmou a cantora e instrumentista síria.
“Mostramos a diversidade musical das várias regiões sírias. Juntámos toda essa riqueza num só concerto. Espero que a Síria permaneça unida”, acrescentou o flautista Moslem Rahal.
Moslem Rahal toca a flauta Ney, um instrumento típico do médio Oriente.
“No nosso trabalho musical, desenvolvemos a relação entre a voz e a flauta Ney. Tentamos que a voz e a flauta se unam e formem uma só voz”, contou a cantora.
“Criámos um ambiente especial que nos faz pensar no poeta que toca o rabab, uma guitarra de uma só corda. Neste caso, utilizo o Ney”, afirmou Moslem Rahal.
O músico sírio fabrica as suas próprias flautas Ney e toca com músicos de jazz, de rock e de música clássica para mostrar a flexibilidade do instrumento.
“As pessoas comparam o Ney a um rabab, um instrumento considerado fraco que não muda de uma nota para a outra, que não pode ser utilizado noutros géneros musicais e que não acompanha a evolução. Mas isso não é verdade”, garante Moslem Rahal.
“Estou a escrever um concerto para tocar com uma orquestra filarmónica. Participo no concerto e a composição integra escalas musicais que não existem no mundo ocidental, como o maqam”, acrescentou o instrumentista sírio.
Waed Bouhassoun toca o ud, que tem pontos em comum com o alaúde.
“Desde a infância, o ud foi sempre o meu companheiro. Aos sete anos, comecei a tocar. O ud completa a minha personalidade, compreende-me e traduz aquilo que eu quero dizer”, sublinhou Waed Bouhassoun.
A cantora síria é doutorada em etnomusicologia, o que a ajudou a ter uma visão universal da música.
“Os estudos permitiram-me ter uma outra visão da música, não apenas a visão de um músico, de um compositor ou de um cantor, mas uma visão que permite aceitar a música do outro. O que me ajudou a trabalhar com outros músicos sem fazer julgamentos de valor sobre a música deles”, disse Waed Bouhassoun.
Waed Bouhassoun e Moslem Rahal gravaram recentemente o primeiro álbum de estúdio em conjunto e sonham agora com a paz para poderem acolher na Síria músicos de outros países.