A indústria eólica do Mar do Norte está a crescer rapidamente. Será que os períodos sem vento podem ameaçar essa expansão?
A indústria eólica do Mar do Norte está a crescer rapidamente. Será que os períodos sem vento podem ameaçar essa expansão?
A União Europeia quer aumentar a produção de energias renováveis, não só para cumprir as promessas em matéria de clima, mas também para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis russos.
Um dos sítios mais ventosos do mundo
O porto de Esbjerg, na costa do Mar do Norte, na Dinamarca é um dos símbolos do desenvolvimento da energia eólica off-shore na Europa, e um dos sítios mais ventosos do mundo.
"A procura está a explodir e sabemos que em 2025 atingiremos o limite. A ambição dos governos e das grandes empresas de energia é um dado adquirido. Sabemos que existe procura de vento offshore. Será um fenómeno estável durante os próximos oito a dez anos", afirmou Jesper Bank, diretor comercial do porto de Esbjerg.
O que acontece quando o vento diminui?
Espera-se que o vento ao largo da costa do Mar do Norte, na Dinamarca, possa gerar 65 Gigawatts, no final da década, o equivalente a 30 reatores nucleares. Mas o que é que acontece quando a velocidade do vento diminui?
"Temos provas de que o abrandamento do vento pode tornar-se mais frequente no futuro, é preciso estar preparado para esse fenómeno. As alterações climáticas podem ter um impacto na variabilidade dos ventos. Há muita incerteza, mas, em geral prevê-se um ligeiro aumento da variabilidade, e em particular um aumento da falta de vento”, explicou Matti Juhani Koivisto, Investigador da DTU Wind and Energy Systems.
O Reino Unido e a Irlanda registaram velocidades de vento bastante abaixo da média entre Julho e Setembro de 2021. Será que a repetição do fenómeno este ano, poderá ter impacto na nossa segurança energética?
"Já estamos preparados para esse fenómeno, já o constátamos, temos formas de gerir a situação. Mesmo que o fenómeno se torne mais frequentes no futuro, temos tecnologias para lidar ele", garantiu Matti Juhani Koivisto.
Design e eficiência das turbinas
Uma das soluções para manter as turbinas a girar é torná-las mais eficientes. "Com velocidades de vento mais baixas, as turbinas produzem menos potência, mas podemos alterar o design das turbinas para ter um rotor maior. Deste modo, o gerador atinge a potência nominal mais cedo, a uma velocidade de vento mais baixa. Ou seja, produz potência mais constante, mesmo a velocidades de vento mais baixas", explicou Kenneth Thomsen, responsável pelo design de turbinas da DTU Wind and Energy Systems.
Nos próximos anos, a capacidade de medir e avaliar a variabilidade do vento vai tornar-se num elemento vital. Para poder criar um sistema europeu de produção de energia renovável eficaz, é fundamental ter dados fiáveis que permitem prever as condições climáticas.
Os dados do Serviço de Alterações Climáticas do Copernicus
Em Março de 2023 a temperatura esteve zero ponto cinco graus Celsius acima da média de 1991 a 2020. O mês março foi o mais quente de que há registo.
No mapa de anomalias de temperatura, vemos o aumento da temperatura numa vasta área do planeta. A faixa vermelha mostra as elevadas temperaturas registadas em Março de Marrocos, ao Japão. Houve numerosos novos máximos de temperatura. Por exemplo, a estância balnear de Agadir atingiu 38,9 graus no final de Março. No início do mês, Wuhan na China atingiu 26 graus, 12 graus acima da média para a estação. Esteve mais frio do que a média em partes do oeste dos Estados Unidos e do Canadá. Em São Francisco a temperatura baixou para 5,5 graus a 27 de Março, o nível mais baixo desde 1898.
A precipitação na Europa
O mapa foram mais húmidas do que a média do mês passado, da Irlanda e da França no oeste até à Rússia no leste. A Turquia registou a precipitação mais elevada e choveu ou nevou menos do que a média na maior parte do sul da Europa.
A humidade do solo
A anomalia de precipitação reflete-se parcialmente no mapa de anomalias de humidade do solo. Em grande parte da Península Ibérica o solo esteve consideravelmente mais seco do que a média da estação.