O mundo acaba de viver a semana mais quente desde que há registo. Dados preliminares da Organização Metereológica Mundial (OMM) das Nações Unidas. Junho já tinha batido recordes de temperatura
O início de Julho foi o mais quente de que há registo, com temperaturas da superfície do mar e perda de gelo na Antárctida sem precedentes. A informação foi divulgada esta segunda-feira pela OMM. Esta semana segue-se ao mês de junho mais quente de sempre.
A agência das Nações Unidas sublinha que as temperaturas recorde registadas em terra e no oceano podem ter impactos devastadores nos ecossistemas e no ambiente.
"O calor excecional de junho e do início de julho ocorreu no início do desenvolvimento do El Niño, que deverá alimentar ainda mais o calor, tanto em terra como nos oceanos, e conduzir a temperaturas mais extremas", afirma o Prof. Christopher Hewitt, diretor dos Serviços Climáticos da OMM.
De acordo com os dados preliminares, a temperatura média global no planeta em 7 de julho foi de 17,24 graus Celsius. Este valor é 0,3°C superior ao anterior recorde de 16,94°C registado há quase seis anos, a 16 de agosto de 2016, também sob efeito do El Niño.
"Estamos em território desconhecido e podemos esperar a queda de mais recordes à medida que o El Niño se desenvolve e estes impactos estender-se-ão até 2024", alerta o responsável da OMM.
Vaga de calor mortal em 2022
As temperaturas elevadas que cobriram a Europa no verão passado podem ter provocado mais de 61 000 mortes relacionadas com o calor, salientando a necessidade de os governos abordarem os impactos do aquecimento global na saúde.
Num estudo publicado na segunda-feira na revista Nature Medicine, investigadores examinaram os dados oficiais de mortalidade de 35 países europeus e descobriram um aumento acentuado de mortes entre o final de maio e o início de setembro do ano passado, em comparação com a média registada ao longo de um período de 30 anos.
O aumento do número de mortes relacionadas com o calor foi mais elevado nos idosos, mulheres e nos países mediterrânicos, segundo os investigadores. Mas os dados também indicam que as medidas tomadas em França desde uma onda de calor mortal há duas décadas podem ter ajudado a evitar mortes no ano passado.
"No padrão das temperaturas médias do verão na Europa durante o verão de 2022, não vemos fronteiras", disse o coautor Joan Ballester, do Instituto de Saúde Global de Barcelona. As temperaturas mais elevadas foram registadas numa faixa do sudoeste da Europa, de Espanha a França e Itália.