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Portugal poderá não cumprir com as metas europeias para a reciclagem de embalagens este ano

Dados revelam quebras preocupantes no vidro, que no primeiro semestre, ficou 1% abaixo do valor homólogo
Dados revelam quebras preocupantes no vidro, que no primeiro semestre, ficou 1% abaixo do valor homólogo Direitos de autor  Karel Prinsloo/AP2011
Direitos de autor Karel Prinsloo/AP2011
De Joana Mourão Carvalho
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Dados da Sociedade Ponto Verde revelam que a reciclagem de embalagens em Portugal apresenta um crescimento residual de apenas 2%.

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Portugal poderá não cumprir com as metas europeias para a reciclagem de embalagens este ano. O alerta é dado pela Sociedade Ponto Verde (SPV) que expressa preocupação com o facto de as quantidades enviadas para reciclagem estarem aquém dos níveis desejáveis.

Apesar de um investimento recorde de 95 milhões de euros no SIGRE (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens) - um reforço de 41 milhões de euros face ao ano passado -, no primeiro semestre de 2025, a reciclagem de embalagens apresenta um crescimento residual de apenas 2%, num total de 231 mil toneladas recolhidas e enviadas para reciclagem.

"Portugal não tem historicamente cumprido as metas da reciclagem de todos os resíduos urbanos, mas tínhamos um setor, que é a reciclagem das embalagens, em que estávamos a cumprir as metas de reciclagem determinadas pela Europa já há vários anos, com exceção do material de vidro", refere a CEO da SPV, em declarações à Euronews.

Ana Trigo Morais lembra que as metas europeias, que entraram em vigor a 1 de janeiro de 2025, são mais ambiciosas e trazem mais responsabilidade. Contudo, "neste momento Portugal está numa situação em que enfrenta uma possibilidade de incumprimento das metas de reciclagem das embalagens", alerta.

"Temos um desempenho do sistema operacional de recolha que está estagnado, um crescimento de 2% não é de todo suficiente para cumprir as novas metas de reciclagem, e daí a nossa grande preocupação em chamar a atenção a todos: cadeia de valor, autoridades, municípios e também cidadãos, para aumentar a recolha das embalagens, que é o que está a falhar para que nos coloquemos no caminho certo para o cumprimento das metas de reciclagem europeias", sublinha.

Os dados agora divulgados pela Sociedade Ponto Verde (SPV) revelam ainda quebras preocupantes no vidro, que ao fim de seis meses, está 1% abaixo do valor homólogo, o que significa que foram recicladas menos 1.300 toneladas deste material, num total de 99.321 toneladas.

Segundo a CEO da Sociedade Ponto Verde, no caso particular do vidro, novas soluções têm que ser pensadas no que se refere aos serviços de recolha específicos para o canal dos hotéis, restaurantes e cafés.

"Sabemos que 40% do vidro que não é recolhido - e portanto não é entregue às vidreiras para reciclar - perde-se no consumo fora de casa. Ora é aqui que é preciso intervir, porque na verdade os ecopontos que exigem hoje em dia, que são a forma mais comum em Portugal de se recolher o vidro, tanto dão para o consumo dentro de casa como dão para o consumo fora de casa. E não é a mesma coisa consumir vidro em casa, que chega ao fim da semana e coloca-se no ecoponto uma a uma, ou ter uma unidade de restauração, de hotelaria, em que esse consumo e a geração desse resíduo é muito intensa", explica Ana Trigo Morais à Euronews.

Há ainda um outro material que suscita preocupação: as embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL) que registou um decréscimo de 9%. Quanto aos restantes materiais, os dados revelam que foram encaminhadas para a reciclagem 78.486 toneladas de papel/cartão (+4%), 42.844 toneladas de plástico (+3%) e 1.030 toneladas de alumínio (+1%), sendo que este é também um material que merece atenção, uma vez que, apesar da subida, está bastante longe de conseguir atingir a meta de reciclagem proposta.

Até ao final deste ano, o país tem de garantir a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado. Caso contrário, o que pode acontecer, é a evolução daquilo que as autoridades em Bruxelas já comunicaram às autoridades portuguesas.

"Houve já um aviso às autoridades portuguesas para alterarem um conjunto de aspetos de gestão dos seus resíduos urbanos e, portanto, a Comissão fará o seu caminho e Portugal terá que andar mais depressa, sob pena de se expor, obviamente, a sanções da Comissão, que ninguém quer", avisa a CEO da SPV, frisando que os resíduos são valor para a economia e são valor ambiental.

"Se essas embalagens forem todas valorizadas e recicladas, quer dizer que estamos a extrair menos recursos à natureza", reforça.

Em 2030, será necessário que cada estado-membro da União Europeia envie 75% dos seus resíduos para reciclagem. As novas regras também exigem que os países reduzam o total de resíduos de embalagens per capita em 5% em comparação com 2018. A redução deverá ser de 10% até 2035 e de 15% até 2040.

Os portugueses também parecem ter consciência da importância da reciclagem, não só pela gestão dos resíduos, mas também para a promoção da economia circular e para a redução do impacto ambiental. No entanto, Ana Trigo Morais acredita que muitas vezes os cidadãos acabam por não separar os resíduos para reciclagem por não existerem condições para o fazer.

"Não há um português hoje em dia que não saiba separar embalagens e colocá-las nos três ecopontos, no azul, no amarelo e no verde. A questão é que falta nível de serviço e falta a conveniência para que os cidadãos se sintam ainda mais incentivados a fazer a reciclagem. Ou seja, precisamos de servir melhor os portugueses para que não se esteja, por um lado, a pedir para separarem as embalagens para a reciclagem e, depois, não haver condições, como contentores mal colocados ou contentores que estão cheios".

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