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Investigadores alertam que espécie das mais ameaçadas está a ser comida até à extinção

Lémure-de-cauda-anelada olha para a câmara num recinto no Buin Zoo, em Santiago, Chile, terça-feira, 15 de junho de 2021
Lémure-de-cauda-anelada olha para a câmara do interior de um recinto no Buin Zoo, em Santiago, Chile, terça-feira, 15 de junho de 2021 Direitos de autor  Copyright 2021 The Associated Press. All rights reserved.
Direitos de autor Copyright 2021 The Associated Press. All rights reserved.
De Liam Gilliver
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Quase 13 000 lémures são abatidos e consumidos todos os anos, estima uma nova análise.

Lémures enfrentam sério risco de serem empurrados para a extinção à medida que moradores abastados das cidades aumentam a procura pela designada “carne de luxo”.

Os pequenos primatas, conhecidos pelas caudas peludas e olhos grandes, já são classificados entre as espécies mais ameaçadas do mundo.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), mais de 90% das 112 espécies de lémures estão ameaçadas de extinção e foram colocadas na Lista Vermelha.

Embora a perda de habitat, a exploração ilegal de madeira e a caça tenham acelerado o declínio das populações, um apetite recentemente identificado pela carne de lémure representa uma nova ameaça.

Madagáscar Comércio clandestino de carne de luxo

Um estudo de quatro anos em Madagáscar revelou a dimensão “alarmante” da procura clandestina de carne de luxo no país, apesar de uma proibição de caça aos lémures em vigor há 60 anos.

Os investigadores, que entrevistaram 2.600 pessoas em 17 grandes cidades, incluindo intervenientes-chave da cadeia de abastecimento como caçadores, compradores, vendedores e pessoal de restaurante, concluíram que quase 13.000 lémures são abatidos e consumidos todos os anos.

A carne de lémure figurava nos menus em mais de um terço das cidades inquiridas, mas a maior parte do comércio (94,5%) decorre em segredo entre fornecedores e “clientela de confiança”.

Os investigadores constataram que o comércio é movido pelo lucro, com muitos consumidores dispostos a pagar mais pela carne de lémure do que pela carne de animais de criação, além de supostos benefícios para a saúde.

“Eu como porque sei que coisas assim mantêm a pessoa jovem”, admitiu um comprador. “É o que se diz em segredo na floresta: mantém jovem por causa dos alimentos que eles comem.”

Outro comprador descreveu a carne de lémure como “a comida mais saborosa” que alguma vez comeu, defendendo: “Depois de provar, ninguém quer parar.”

Lémures “comidos até à extinção”

Lémures castanhos, classificados pela UICN como “vulneráveis”, e lémures-de-colar, “criticamente em perigo”, foram os mais consumidos, com a “clientela abastada” a impulsionar a procura.

Cientistas defendem que a crise exige mais do que os esforços habituais de conservação, acrescentando: “Sem uma abordagem abrangente, assente em dados, os mamíferos mais ameaçados do mundo podem em breve ser comidos até à extinção.”

Como recuperar as populações de lémures

Os investigadores sugerem que a aplicação de leis mais rigorosas contra as armas de fogo ilegais (usadas para caçar lémures) pode ajudar as populações selvagens.

Campanhas dirigidas para reduzir a apetência pela carne de lémure podem também travar a procura, com cientistas a salientarem que preocupações de segurança alimentar, como a transmissão de doenças zoonóticas, podem dissuadir os consumidores.

“Outra via fundamental poderá ser cortar o abastecimento, oferecendo aos caçadores alternativas viáveis que lhes garantam um rendimento estável”, lê-se no estudo.

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