Zaporizhia: Que garantias de segurança?

Zaporizhia: Que garantias de segurança?
De  Nelson Pereira
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Zaporizhia é uma das quatro centrais nucleares ativas na Ucrânia. Tem seis reactores, com uma potência instalada de 1000 megawatts (MW). Foi

Zaporizhia é uma das quatro centrais nucleares ativas na Ucrânia. Tem seis reactores, com uma potência instalada de 1000 megawatts (MW). Foi construída quase ao mesmo tempo que Chernobyl, com reatores da era soviética.

Oleh Dudar, o chefe de operações, trabalha ne central de Zaporizhia desde 1986, o ano da catástrofe de Chernobil.

“O desastre que aconteceu em Chernobyl não pode acontecer aqui. Porque temos reatores blindados. Cada reator está instalado debaixo de uma estrutura de ‘Contenção’, concebido para limitar as fugas de elementos radioativos em caso de acidente. O reator de Chernobyl estava protegido com lajes de betão armado, uma estrutura que não impediu a fuga de radiação”, frisou Oleh Dudar.

O ‘Edifício de Contenção’ a que se refere Dudar, é a cúpula vermelha e cinza que vemos no topo de cada unidade nuclear. As cúpulas são supostas resistir a um acidente de avião ou a um sismo de grau 7. Por isso não houve receios, quando começou o conflito no leste da Ucrânia, a 300 km de distância.

As autoridades acreditam

A administração da central evocou a suposta eficiência dos sistemas de segurança quando decidiu prolongar o período de utilização das duas centrais soviéticas. O colega de Oleh Dudar sublinha que as centrais estão a ser atualizadas, para funcionarem durante pelo menos mais 10 anos.

“É muito mais barato atualizar e prolongar o funcionamento de uma central do que construir uma nova. As unidades podem ser atualizadas, o equipamento pode ser substituído e pode ser prolongado o período de utilização”, afiançou Serhiy Hurin.

O projeto é apoiado financeiramente pelo Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (EBRD, na sigla inglesa) e pela Euratom, a agência nuclear da União Europeia (CEEA ou Euratom, Comunidade Europeia da Energia Atómica).

Pictures from Chernobyl exclusive zone### Uma caixinha de surpresas

Regressamos a Kiev. Os ecologistas têm dúvidas sobre as alegadas atualizações, se cumprem os mais altos padrões de segurança, como afirma o governo.

Oleksiy Pasyuk, do Centro Nacional Ecológico da Ucrânia, teme que o prolongamento do período de funcionamento das centrais obedeça a critérios exigentes de segurança.

“A energia nuclear não é segura, por causa dos riscos tecnológicos”, disse Oleksiy Pasyuk, lembrando que “o funcionamento de uma central nuclear implica a deterioração de uma parte do seu equipamento e nem todos os elementos podem ser substituídos. Isto aumenta o risco de um acidente.”

O ambientalista tem também algumas dúvidas sobre a segurança técnica do reactor e da estrutura de confinamento, no caso de um conflito militar.

“Quando os cálculos foram feitos, havia uma percepção do perigo possível com base nos aviões da época, mas hoje temos grandes Boeings intercontinentais. Se olharmos para as estimativas de riscos feitas na Ucrânia, há 15 anos, não tiveram em conta o risco de ações militares. Hoje sabemos que é um factor real”, explicou Oleksiy Pasyuk.

A herança de Chernobyl continua a ser uma grande ameaça à segurança da comunidade internacional. A Europa ajudou a financiar uma estrutura gigante de confinamento que irá selar o reator número 4, altamente contaminado. Mas para milhares de ucranianos, nada pode reparar as cicatrizes deixadas pelo 26 de abril de 1986.

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