O analista político Cornelius Adebahr explica que o cuidado para não ofender o Irão, "ignorando" os protestos no país, se deve ao facto de "os europeus estarem a fazer grandes esforços para convencerem os norte-americanos a permanecerem no acordo".
Os líderes europeus evitaram qualquer menção aos protestos populares no Irão durante a reunião com o chefe da diplomacia daquele país, quinta-feira, em Bruxelas. O silêncio foi criticado por ativistas dos direitos humanos, nomeadamente pela Amnistia Internacional.
"Os líderes no Irão não conseguiram convencer a opinião pública sobre os benefícios deste acordo"
Investigador, ULB
O analista político Cornelius Adebahr explica que esse cuidado para não ofender o Irão se deve ao facto de "os europeus estarem a fazer grandes esforços para convencerem os norte-americanos a permanecerem no acordo".
"Como isso pode bem acontecer, os europeus tentam evitar que os iranianos façam o mesmo imediatamente. Querem ganhar tempo para chegar a um novo acordo que, de alguma forma, possa preservar o entendimento", acrescentou o perito do centro de estudos Carnegie Europe.
Vários analistas dizem que os protestos revelam a frustração com a falta de crescimento económico prometido pelo regime quando assinou o acordo, em 2015, que pôs fim às sanções internacionais.
"No Irão, as únicas pessoas que estão felizes com o acordo são o chefe da diplomacia Zarif e o Presidente Rouhani ou, talvez, as pessoas próximas a Rouhani", argumenta Majid Golpour, investigador na Universidade Livre de Bruxelas.
"Apesar de toda a propaganda do Estado, os líderes não conseguiram convencer a opinião pública sobre os benefícios deste acordo. Os europeus deviam estar cientes disso", disse, ainda.
A Amnistia Internacional pede à União Europeia que exija o respeito pelos direitos das mais de três mil pessoas que foram detidas, bem como uma investigação rigorosa às mortes de mais de uma vintena de manifestantes.