Críticos do funcionário alemão apontam o dedo à falta de transparência que dominou o processo.
A nomeação do alemão Martin Selmayr para o cargo de Secretário-geral da Comissão está a provocar uma tempestade no seio do executivo europeu.
A nomeação teve lugar no dia 21 de fevereiro e apesar da legalidade desta nomeação não estar em causa, os críticos apontam o dedo ao processo.
Esta quinta-feira, a comissão de controlo orçamental do Parlamento Europeu votou a favor de uma investigação sobre o processo que levou a esta nomeação.
"Não é normal que os comissários que estão a decidir sobre uma posição desta relevância não tenham sabido antes da sessão que este tema fazia parte da agenda de trabalhos. A nomeação de um novo secretário-geral não estava na agenda. Assim, os comissários não puderam discutir informalmente e com antecedência quem poderia ser o melhor candidato", afirma o eurodeputado alemão, Sven Giegold, dos Verdes.
A nomeação de Selmayr, muito próximo do presidente da comissão, Jean-Claude Juncker, significa que a influência deste se manteria para além do final do mandato que termina em 2019.
O funcionário alemão é visto por muitos como uma peça fundamental para a implementação das políticas de Juncker durante os próximos 20 meses.
O jornalista francês Jean Quatremer, do diário Libération, um dos críticos mais acérrimos desta nomeação, explica porque razão o governo francês não gostou desta manobra.
"Este posto é normalmente atribuído a um francês. E em Paris, não vale a pena escondê-lo, estão furiosos pelo que acaba de acontecer; em Berlim também porque a chanceler se comprometeu junto a Emmanuel Macron para que seja um francês a ocupar esta posição. Por isso, não se trata de uma luta de bastidores entre estados mas sim uma questão de ambição pessoal levada ao limite", adianta Quatremer.
A nomeação de Martin Selmayr para o cargo de secretário-geral segue-se à saída do holandês Alexander Italianer que ocupava o cargo desde 2015.
João Ferreira