Um cortejo folclórico na cidade belga de Ath, no mês de agosto, poderá vir a perder um dos personagens: "Selvagem", pintado de preto, foi objeto de umq queixa junto da UNESCO.
Um cortejo folclórico na cidade belga de Ath, no mês de agosto, poderá vir a perder um dos personagens na festa do ano que vem. Apelidado de "Selvagem" e pintado de preto, o personagem viola os princípios do respeito mútuo pelas comunidades e indivíduos, exigido pela UNESCO, entidade à qual se queixou um colectivo ativista anti-racismo, Panteras de Bruxelas.
"É um fato que aquele é um personagem negrofóbico, que permite que se mantenha uma certa desumanização dos negros. Tenho um amigo nascido na cidade que é de ascendência africana, que é negro e, quando passa na rua, por vezes é confrontado com crianças que choram com medo do selvagem. Outras crianças pedem-lhe um beijo selvagem porque o selvagem beija toda agente e ele quer um beijo do selvagem", disse Mouhad Reghif, porta-voz do Panteras de Bruxelas, em entrevista à euronews.
A queixa foi enviada para a UNESCO porque o festival está classificado como Património Imaterial da Humanidade. Aquela agência das Nações Unidas pediu medidas aos organizadores do festival, que prometem fazer um esfoço para atualizar a tradição.
"Esta é uma festa antiga, com seis séculos, que tem evoluído ao seu próprio ritmo ao longo de 600 anos. Claro que se vai adaptando à sociedade de cada época. O personagem selvagem evoluiu bastante desde a sua criação e deverá evoluir ainda mais. Mas uma tradição de 600 anos tem o seu próprio ritmo, que é longo, e devemos aceitar que as mudanças se façam suavemente e não com uma pistola apontada às costas", explicou Laurent Dubuisson, diretor da Casa dos Gigantones de Ath, em entrevista à euronews.
Os habitantes asseguram que não há nada de racista nesta figura que consideram folclórica, mas a classificação da UNESCO obtida em 2008 poderá estar em risco caso não haja uma mudança mais rápida na tradição.