Eurodeputados aprovam resolução contra mutilação genital feminina

Muitas jovens e mulheres ainda são vítimas de mutilação genital feminina.
Muitas vezes o procedimento é executado de forma rudimentar, sem anestesia num ritual que deixa estas jovens marcadas para o resto da vida.
Khady Koita vê-se como uma sobrevivente. Originária do Senegal, ela sofreu na pele esta prática. Foi assim que se tornou uma ativista.
"Decidi fazer campanha contra a mutilação genital feminina porque nos anos 80, em França, precisamente em 82, registaram-se muitas mortes. Uma jovem em particular morreu devido a uma hemorragia após a excisão, isso deixou-me traumatizada", afirma.
As Nações Unidas estimam que na União Europeia vivem cerca de 600 mil mulheres excisadas.
E cerca de 180 mil jovens encontram-se em risco.
Koita visita escolas a fim de sensibilizar as estudantes, em particular aquelas cujas famílias viajam com frequência para África.
"Depois da apresentação, há jovens que querem partilhar histórias pessoais e perguntam-nos se as podemos ajudar porque ouviram os pais a planear uma viagem a África que inclui uma festa durante as férias", diz a ativista.
Na Bélgica existe um hospital no qual as mulheres excisadas podem receber assistência.
O Doutor Caillet explica-nos as consequências dos diferentes tipos de amputação de que podem sofrer.
"As mulheres que sofreram a remoção do clítoris têm dores e, por vezes, há pequenos tumores que podem crescer na raíz do nervo do clítoris e que são muito dolorosos. Para as mulheres que foram cosidas, existe outro tipo de mutilação genital, pois têm apenas poucos milímetros para a expulsão do sangue menstrual e da urina. Isso torna relações sexuais muito complicadas", adianta o doutor Martin Caillet, especialista da clínica CEMAVIE no hospital de Saint Pierre.
Esta quarta-feira, com 612 votos de um total de 651, os membros do parlamento europeu aprovaram uma resolução apelando à União Europeia para terminar com a mutilação genital feminina oferecendo auxílio às vítimas.
"Precisamos de líderes políticos que levem esta questão a sério pelo crime que constitui e que tem consequências na vidas das vítimas", defende Frances Fitzgerald, eurodeputada irlandesa do PPE.
A resolução apela aos estados-membros no sentido de encorajar países terceiros a adotarem legislação para acabar com esta prática.