Indústria cultural enfrenta deserto financeiro

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De  Isabel Marques da Silva
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Cerca de 95% da força de trabalho nesta indústria é formada por pequenas e médias empresas, trabalhadores independentes e freelancers e são precisos mais apoios financeiros para realançar o setor.

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A falta de uma rede de segurança económica em tempos de pandemia deixa uma trapezista espanhola, Júlia Campistany, preocupada com o futuro do setor cultural e criativo, que emprega quase nove milhões de pessoas na União Europeia.

Depois de se candidatar a um regime de rendimento mínimo garantido para trabalhadores por conta própria, a artista tenta manter a forma em casa, na Holanda.

"Se eu quiser treinar no trapézio, preciso de um espaço específico, com condições e instalações específicas, com medidas de segurança. Agora que estamos confinados, podemos usar o tempo para criar, escrever ideias e sonhar, digamos assim. Mas era tão frequente reunirmo-nos com outras pessoas, treinar com elas, inspirarmo-nos nos outros que, de facto, é desse modo que o trabalho é criado", explicou Júlia Campistany, em entrevista a euronews.

Internet nem sempre gera receitas diretas

Cerca de 95% da força de trabalho nesta indústria é formada por pequenas e médias empresas, trabalhadores independentes e freelancers.

O público pode usar a Internet para ver filmes, música e outras formas de arte durante o isolamento social, mas isso não se traduz de imediato em mais receita para os criadores.

Muitos websites são gratuitos e a publicidade está em declínio.

"No que diz respeito ao audiovisual, o modelo de negócio será atingido de maneira bastante significativa com as perdas nas receitas de publicidade e nas dificuldades em ter novos conteúdos nos próximos meses. Tudo isso afeta o pagamento de direitos de autor aos criadores, é claro, mas também afeta a nossa capacidade de voltar ao trabalho no médio prazo", afirmou Pauline Durand-Vialle, diretora-geral da Federação dos Realizadores de Cinema Europeus.

A Comissão Europeia anunciou medidas de emergência, nomeadamente:

  • Dois milhões de euros para a dimensão transfronteiriça das artes do espectáculo
  • Cinco milhões de euros para o setor do cinema
  • Inclusão dos trabalhadores no esquema de desemprego temporário SURE
  • Flexibilidade máxima no programa de bolsas Europa Criativa

Orçamento da União Europeia mais ambicioso?

No atual orçamento da União Europeia, o programa Europa Criativa recebeu 1,46 mil milhões de euros.

O Parlamento Europeu diz que essa verba deve ser duplicada para os próximos sete anos, e mesmo assim, não será suficiente.

"Também se deve alargar a este setor outros programas de apoio, desde o programa SURE para os trabalhadores, aos fundos de desenvolvimento regional e o dinheiro dos programas de emergência", defendeu Sabine Verheyen, eurodeputada alemã de centro-direita que preside à comissão parlamentar de Cultura.

"O que pedimos, também, por forma a ajudar o setor artístico e criativo a nível digital, é estabelecer sistemas de distribuição de obras online através dos quais os artistas possam ser pagos", acrescentou Sabine Verheyen.

Antes da pandemia, a indústria cultural representava 3,8 por cento da riqueza criada na União Europeia e estava em crescimento. Os especialistas dizem que, em paralelo com o turismo, será um dos setores que demorará mais tempo a recuperar .

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