Reabertura da estância cipriota de Varosha é criticada pela UE

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De  Isabel Marques da Silva  & Efi Koutsokosta
Reabertura da estância cipriota de Varosha é criticada pela UE
Direitos de autor  YVES HERMAN/AP PHOTO

Varosha, um subúrbio da cidade de Famagusta, foi abandonado pela população durante a invasão do norte da ilha de Chipre pela Turquia, em 1974, e ficou sob controlo das autoridades turco-cipriotas. Uma resolução da ONU, de 1984, pede que passe para o controlo das Nações Unidas e impede que seja repovoada.

A decisão de reabrir a estância balnear de Varosha, com o apoio expresso do governo da Turquia, pode ser mais uma acha para a fogueira de tensões com as autoridades do sul da ilha, greco-cipriotas.

Como o sul da ilha é um Estado-membro da União Europeia, Bruxelas chama a atenção da Turquia para o facto de que há menos de uma semana propôs baixar a tensão no Mediterrâneo oriental, depois de um verão de provocações.

"A bola está no campo da Turquia se quiser, realmente, mostrar que está interessada num diálogo construtivo. Se não virmos esforços sinceros e que há empenho num processo positivo, mas antes a continuação de provocações unilaterais, então estamos prontos para discutir outras opções, de natureza restritiva, em vez de apenas termos uma agenda positiva, tal como foi proposto pela União Europeia à Turquia", disse Peter Stano, porta-voz da Comissão Europeia, em entrevista à euronews.

A Comissão Europeia refere-se à declaração saída da cimeira de líderes da União Europeia, a 6 de outubro, para resolver, pelo diálogo, a contenda com a Turquia sobre exploração de gás na parte oriental do mar Mediterrâneo, contestada pelo Chipre e pela Grécia.

Eleições no norte de Chipre e a mediação da ONU

Por seu lado, Niyazi Kizilyurek, eurodeputado turco-cipriota, alerta para o facto de estarem marcadas eleições no norte da ilha para 11 de outubro: "Além de não ser aceitável que a Turquia interfira na campanha eleitoral dos turco-cipriotas, esta decisão é uma violação inaceitável da resolução da ONU sobre Varosha".

"É uma manobra de apoio ao atual líder turco-cipriota que não quer um acordo federal. Desta forma, a Turquia mostra realmente quais são as suas intenções quando as negociações começarem", acrescentou.

O eurodeputado refere-se às negociações sobre a reunificação da ilha, sob os auspícios da ONU, que deveriam ser retomadas o mais breve possível, defendidas pelo governo greco-cipriota.