"Estado da União": Determinação de Merkel e impasse no Brexit

Angela Merkel discursa no Parlamento alemão
Angela Merkel discursa no Parlamento alemão Direitos de autor Kay Nietfeld/(c) Copyright 2020, dpa (www.dpa.de). Alle Rechte vorbehalten
Direitos de autor Kay Nietfeld/(c) Copyright 2020, dpa (www.dpa.de). Alle Rechte vorbehalten
De  Isabel Marques da SilvaStefan Grobe
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

Destaque para a entrevista a Nicolai von Ondarza, chefe da Divisão de Investigação do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança e especialista nas relações Reino Unido-União Europeia.

PUBLICIDADE

Apesar do agravamento da pandemia que é esperado por causa dos contactos nas quadras festivas, a chanceler alemã foi criticada, esta semana, por defender regras mais rígidas contra a Covid-19 durante o Natal.

As suas propostas incluem o fecho das escolas, restringir ao máximo o contato social e um apelo a maior disciplina do que no passado. Em última análise, a decisão será tomada pelos governos dos vários estados alemães e não pelo governo federal.

Mas num discurso no Parlamento, esta semana, a normalmente contida Angela Merkel argumentou apaixonadamente a favor de medidas mais rígidas e raramente foi vista em público tão emocionada.

“Pode ser que encerrar o ensino obrigatório seja a coisa errada a fazer, mas talvez possa ser feito online. Isso não é da minha competência. Só quero dizer que se houver muito contacto social no Natal, poderá ser o último Natal para muitos avós e teremos sido negligentes. Não deveríamos fazer isso, senhoras e senhores", disse Merkel.

Impasse no pós-Brexit

Neste programa tem destaque, ainda, o impasse no acordo comercial pós-Brexit entre Reino UNnido e União Europeia. As negociações arrastam-se há meses, com ambas as partes a repetirem que querem um compromisso.

Stefan Grobe entrevistou, a este propósito, Nicolai von Ondarza, chefe da Divisão de Investigação do Instituto Alemão para Assuntos Internacionais e de Segurança e especialista nas relações Reino Unido-União Europeia.

Stefan Grobe/euronews: Na quarta-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson jantou ao longo de três horas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e todos esperavam que isso pusesse fim a meses de impasse, o que não aconteceu. Johnson visitou Bruxelas para fechar um acordo ou mostrar ao público britânico que está dar o seu melhor?

Nicolai von Ondarza/analista político: Penso que, no momento atual das negociações, nenhum dos lados quer sair primeiro da mesa. Boris Johnson quer mostrar que fez de tudo para chegar a acordo com a União. Ele realça em todas as ocasiões que ainda está interessado num acordo, mas não mudou as chamadas linhas vermelhas de maneira nenhuma. E isso significa para a União Europeia que não há possibilidade de acordo à vista.

Stefan Grobe/euronews: Antes da viagem a Bruxelas, Johnson disse aos deputados britânico que a União Europeia queria ter o “direito automático” de punir o Reino Unido no futuro, se o país não cumprisse as novas leis aprovadas na União. Isso soa-lhe a um pessoa que faz todo o possível para chegar a um acordo?

Nicolai von Ondarza/analista político: Penso que é um padrão de comportamento que vimos nos primeiros-ministros britânicos nos últimos dez anos. Eles vão a Bruxelas e mostram que estão a lutar contra o dragão europeu, contra os burocratas de Bruxelas. Faz parte do drama, de um certo teatro político para a base de apoio do rprimeiro-ministro. Todos sabemos que, se ele quiser fazer um compromisso, poderá depois dizer que conseguiu enfraquecer a posição europeia, que lutou contra estes regulamentos. Se ele não quiser um acordo, pode manter o seu mantra de que Bruxelas não estava disposta a aceitar a sua proposta e que o Reino Unido deverá seguir o seu próprio caminho porque é suficientemente forte para o fazer. Johnson prepara-se o para as duas opções, com e sem acordo.

Stefan Grobe/euronews: Há muito tempo que sabemos que os requisitos da União Europeia e os sonhos dos defensores do Brexit são incompatíveis. Também sabemos que as consequências económicas negativas serão mais sentidas no Reino Unido do que na União Europia. A situação terá de piorar antes de melhorar? Pensa que poderá haver mais negociações no futuro?

Nicolai von Ondarza/analista político: Pessoalmente, estou bastante cético em relação a essa ideia de que primeiro não faz um acordo para depois se poder chegar a um acordo. Penso que esta é, realmente, a última oportunidade para obter um resultado amigável para o Brexit. Se não houver um acordo, ass consequências serão muito negativas no Reino Unido. Sabemos que o governo britânico tudo fará para culpar a União Europeia por essas consequências negativas. Do meu ponto de vista, será um caminho muito difícil e longo conseguir voltar à mesa das negociações. Logo, se não chegarmos a um acordo em dezembro, penso que temos que nos preparar para um período longo muito difícil entre o Reino Unido e a União Europeia.

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

"Estado da União": balanço de 2020

Boris Johnson alerta para "forte possibilidade" de Brexit sem acordo

“Estado da União”: Proteger a natureza e controlar gigantes digitais