"Estado da União": O teste da pandemia ainda está para durar

"Estado da União": O teste da pandemia ainda está para durar
Direitos de autor PATRICK T. FALLON/AFP
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De  Isabel Marques da SilvaStefan Grobe
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Destaque para a entrevista ao historiador e filósofo neerlandês Luuk van Middelaar sobre os impactos da pandemia na União Europeia .

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A Agência Europeia de Medicamentos anunciou a intenção de autorizar, a 21 de dezembro, a vacina Pfizer/BioNTech contra a Covid-19 e a Comissão Europeia diz que tudo estará pronto para começar a vacinação a partir de 27 de dezembro.

“A Comissão Europeia está pronta para providenciar a autorização formal e a colocação da vacina no mercado, com procedimentos de rapidez supersónica. Isto significa que esta vacina será o presente de Natal para todos os europeus, se tudo correr bem", disse Margaritis Schinas, vice-presidente da Comissão Europeia, quinta-feira, no Parlamento Europeu.

Isso significa que a aprovação na União Europeia chegará cerca de três semanas depois da dada pelo autoridade do Reino Unido, onde o processo tem decorrido sem grandes problemas.

A Rússia foi muito criticada por aprovar uma vacina sem terminar os testes mais avançados, tendo os especialistas advertido contra a sua utilização até que isso aconteça, mas o presidente Vladimir Putin desvaloriza a polémica.

“A vacina é boa, já disse isso muitas vezes. É segura e eficaz a 95%, ou até mesmo 96%-97%, dizem os especialistas. Não houve um único caso de efeitos colaterais", afirmou Putin na televisão.

O que mudou com o teste da pandemia?

A chegar ao fim de quase um ano em situação de pandemia, os cidadãos mudaram algumas das suas atitudes e crenças sobre governação, ciência e maneira de estar na vida. Para falar em maior profundidade dos impactos na União Europeia, Stefan Grobe entrevistou o historiador e filósofo neerlandês Luuk van Middelaar.

Stefan Grobe/euronews: Quero apelar ao seu lado de historiador e analisar a questão no quadro mais alargado possível. Quão monumentais são as consequências da pandemia e o que aprendemos com ela?

Luuk van Middelaar/filósofo: Obviamente, foi uma das maiores crises que a União Europeia enfrentou, mesmo por comparação com a crise na zona euro e a crise da migração, grandes convulsões que vimos nos últimos anos. Uma das novidades desta crise em particular é que foi o público que pediu aos governos medidas em ligação com as instituições da União Europeia. Foi o público que disse que esta crise de saúde pública é um problema de todos nós. É um assunto público europeu. E só então as instituições e governos começaram a cooperar mais.

Stefan Grobe/euronews: A Europa está mais fraca ou mais forte do que há um ano?

Luuk van Middelaar/filósofo: Eu diria que está mais forte. Porque mostrou, novamente, uma resiliência incrível para enfrentar esta crise. Foram criados novos instrumentos de resposta. Mas penso que a Europa também percebeu, como em momentos difíceis anteriores, a sua própria fragilidade, a sua vulnerabilidade, a sua solidão ao nível geopolítico. Recordemos a luta titânica entre duas superpotências: China e Estados Unidos. A China fez a chamada diplomacia das máscaras, o presidente dos Estados Unidos disse às pessoas para tomarem desinfetante. A Europa sentiu, mais intensamente do que antes, que no final das contas está sozinha.

Stefan Grobe/euronews: Os grandes desafios da História são sempre momentos em que surgem grandes líderes. Vimos isso acontecer na crise da Covid-19?

Luuk van Middelaar/filósofo: Se analisar a liderança na Europa, durante este ano, não vou poder dar respostas muito originais. Mas não há dúvida de que a chanceler alemã Angela Merkel, mais uma vez, foi quem se apresentou de forma mais convincente e contundente nesta crise. Em particular com sua posição, em maio, de apresentar com o presidente Macron a proposta conjunta franco-alemã para o enorme fundo de recuperação. Foi realmente surpreendente vê-la abandonar a ortodoxia financeira alemã, que prevaleceu mesmo nos momentos mais difíceis da crise da zona euro.

Stefan Grobe/euronews: É justo dizer que a pandemia será lembrada como uma época em que tudo mudou, seja nas relações das pessoas com o governo, com a ciência e na forma de ver a vida. O que vai emergir da experiência de confinamento? As pessoas verão a vida de maneira diferente?

Luuk van Middelaar/filósofo: Penso que tudo o que estamos a perder nos fará perceber o que é realmente importante. Diria que depois de passarmos tantas horas em frente aos computadores, com videoconferências, penso que sabemos que que a vida real é melhor do que a virtual.

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