Será que os Balcãs Ocidentais gostam da ideia de Macron para uma Europa a dois níveis?

Um homem beija a bandeira da UE, celebrando a recomendação da Comissão Europeia de iniciar conversações de adesão com a Macedónia, quarta-feira, 14 de outubro
Um homem beija a bandeira da UE, celebrando a recomendação da Comissão Europeia de iniciar conversações de adesão com a Macedónia, quarta-feira, 14 de outubro Direitos de autor  AP Photo/Boris Grdanoski
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Emmanuel Macron sugere que seja criada uma entidade paralela à União Europeia, que desse abrigo a um novo tipo de "comunidade política europeia"

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, iniciou uma das maiores reformas estruturais da União Europeia, das últimas décadas - uma entidade paralela à União Europeia, que desse abrigo a um novo tipo de "comunidade política europeia".

O presidente gaulês sugeriu que essa entidade pudesse juntar países que pretendam integrar o bloco europeu, caso da Ucrânia, Geórgia e Moldávia (ameaçados pela invasão da Rússia), ou aqueles que se tenham afastado, como seria o caso do Reino Unido.

E os países dos Balcãs Ocidentais? Como é que as palavras de Macron se fizeram sentir numa região que tem visto longos atrasos relativamente à adesão ao bloco europeu?

Na Albânia, que se candidatou à adesão em 2009, a ideia de uma Europa a dois níveis foi recebida com sentimentos de realismo e resignação. O país viu o seu pedido de adesão estagnar. Isto porque está ligado à candidatura da Macedónia do Norte, que tem sido repetidamente vetada por países da UE, como a Bulgária.

"Ele [Emmanuel Macron] tinha razão, há cinco anos, quando falou da necessidade de outro caminho para a integração, mas pouco mudou desde então", disse o gabinete do primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama, numa declaração à Euronews Albânia.

"Contudo, é tempo de pensar e avançar para uma nova comunidade de democracias europeias. Tendo dito isto, não estou tão otimista que algo fundamentalmente diferente aconteça além do que gira em torno da mesma gravidade comum".

Jorida Tabaku, chefe da comissão de integração europeia do parlamento albanês, viu nos comentários de Macron indícios de que o Conselho Europeu - composto pelos chefes de Governo ou de Estado dos países da UE e que define a direção geral do bloco - não decidirá iniciar negociações de adesão com a Albânia ou a Macedónia do Norte, aquando da reunião de junho.

Tabaku, sublinhando a importância da integração dos 27 como instrumento para assegurar a estabilidade e prosperidade da região, disse acreditar que a guerra na Ucrânia lança uma nova luz sobre os Balcãs Ocidentais, salientando como "é fácil perturbar equilíbrios importantes". Segundo ela, esta é a razão pela qual os Balcãs Ocidentais estão a receber uma maior atenção e a ter, novamente, um enfoque central.

A Macedónia do Norte, que se candidatou à adesão em 2004, foi mais otimista. Um porta-voz governamental chamou à ideia de Macron "uma excelente oportunidade para unir países que falharam ou não quiseram aderir ao bloco num dado momento, dada a nova situação geopolítica".

Na Sérvia, o presidente Aleksandar Vucic foi mais cauteloso, dizendo que não fala com Macron há mais de um mês e que não iria interferir nos processos de tomada de decisão da União Europeia.

"Gostaria de ouvir qual é o seu plano final para que eu possa fazer uma declaração", disse Vucic numa declaração aos meios de comunicação social na Sérvia.

O país iniciou conversações com Bruxelas, mas é pouco provável que haja qualquer progresso concreto na adesão até que a disputa com o Kosovo esteja resolvida.

A antiga província da Sérvia declarou a independência de Belgrado em 2008. A Sérvia não reconhece isto e continua a tratar o Kosovo como se estivesse sob a sua soberania.

Os funcionários do território, que é considerado "um potencial candidato à adesão à UE", ainda não comentaram a ideia do presidente francês.

A Bósnia e Herzegovina tem o mesmo estatuto do Kosovo. As perspetivas são fracas. Candidatou-se à adesão à UE, em 2016, mas, segundo uma nota de informação do Parlamento Europeu, "a instabilidade política interna e a falta de reformas políticas têm reduzido as perspetivas de adesão do país à União Europeia".

Montenegro candidatou-se à adesão ao bloco europeu em 2008 e as conversações começaram quatro anos depois.

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