Faltam garrafas de cerveja na Bélgica

Algumas cervejeiras estão dependentes de empresas de fora da União Europeia produtoras de garrafas em países como a Rússia ou a Ucrânia
Algumas cervejeiras estão dependentes de empresas de fora da União Europeia produtoras de garrafas em países como a Rússia ou a Ucrânia Direitos de autor Virginia Mayo/The Associated Press
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De  Pedro Sacadura
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Cervejeiras locais estão sob pressão devido a interrupções nas cadeias de abastecimento. Temem a falta de soluções com a chegada do verão, a época alta, o que pode representar preços mais caros para os consumidores e falhas na produção de algumas cervejas

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Mais custos de produção e problemas nas cadeias de abastecimento estão a deixar os produtores de cerveja na Bélgica à beira de um ataque de nervos.

Empresas como a histórica cervejeira Huyghe, na Flandres, por exemplo, estão a ficar com falta de garrafas.

A tábua de salvação, para já, são os stocks acumulados de garrafas que eram compradas a uma empresa fornecedora na Rússia. Por estes dias, o abastecimento está interrompido e encontrar fornecedores alternativos com capacidade de resposta na Europa é tudo menos fácil devido à forte concentração que se verificou na indústria nos últimos anos.

A empresa diz que neste momento tem apenas stock até setembro.

"Essencialmente temos falta das garrafas de 33 centilitros APO. Conheço alguns produtores que trabalham com as garrafas [do tipo] Steinie e para vários desses produtores a falta de garrafas também está a tornar-se um problema. Para nós é um grande problema, porque temos um volume de exportações de 87%, o que quer dizer que as garrafas não são devolvidas", sublinhou, em entrevista à Euronews, o diretor-executivo da cervejeira Huyghe, Alain de Laet.

O mesmo acrescentou que o cenário só não é mais grave por causa do confinamento na China devido à pandemia de Covid-19, que fez cair os pedidos de encomendas a pique. O país é o segundo destino internacional de exportação da cervejeira, logo a seguir a França.

Neste momento, a cervejeira, que emprega 110 pessoas e produz 250 mil hectolitros de cerveja por ano, teme que as receitas totais caiam 20% se a crise continuar durante o verão, época alta por excelência.

Pedro Sacadura
A cervejeira Huyghe produz as famosas cervejas belgas Delirium TremensPedro Sacadura

Uma tempestade perfeita?

O problema da falta de garrafas ganhou força durante os confinamentos forçados provocados pela pandemia de Covid-19, quando muitos bares e restaurantes foram substituídos por compras de cerveja nos supermercados a retalho.

A agravar o cenário estão agora, também, os preços do vidro - uma indústria com utilização intensiva de energia - que dispararam por causa da crise energética atual.

Apesar de alguns produtores de garrafas mostrarem abertura a aumentar a produção, para muitas cervejeiras a resposta pode simplesmente não chegar em em tempo útil.

Recorrer às latas poderia ser uma solução para alguns produtores, mas a somar à tempestade também existem problemas com o abastecimento e custos do alumínioe, além disso, para muitos produtores o sabor não é o mesmo.

Representantes da indústria da cerveja dizem que as pequenas e médias empresas correm o risco de ser mais fortemente afetadas.

"[A crise] afetará, decididamente, alguns produtores mais do que outros. Isso depende o muito mix de embalagem, de quem é fornecedor, dos países em que a empresa opera. Se a empresa tem um sistema de devolução de garrafas, se podem ser reutilizadas. Se a empresa exporta muito para fora da Europa. Depende muito das empresas individuais. Penso que haverá, potencialmente, efeitos para os preços para os consumidores. Mas também pode ser preciso parar a produção de alguns produtos", lembrou Simon Spillane, da organização Brewers of Europe, que representa empresas do setor a nível europeu.

Tudo isto representa mais um golpe para um setor sob pressão.

Na Europa, a cervejeiras são responsáveis pela criação de mais de 2 milhões de empregos em toda a cadeia de produção, o que significa que há muito em jogo, numa altura em que a frágil economia europeia tenta recuperar da pandemia de Covid-19.

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