A Rússia é o segundo maior exportador mundial de petróleo não refinado, depois da Arábia Saudita e em 2021, cerca de metade das exportações foi para a Europa.
A União Europeia (UE) tenta ganhar vantagem na guerra energética com a Rússia ao nível das receitas do petróleo. Mas será que vai ter o efeito desejado?
Na segunda-feira entrou em vigor a proibição de importar petróleo bruto russo por via marítima para ser consumido no bloco. Paralelamente, foi definido um teto de 60 dólares (57 euros) por barril de petróleo russo enviado para o resto do mundo.
Tal significa que as empresas europeias de navegação e de seguros não poderão transportar petróleo russo para outros países se este tiver sido vendido acima do teto definido.
"Sobre o preço que foi fixado, temos dois objetivos. Queremos reduzir o rendimento que o presidente Putin obtém com o petróleo porque está a financiar a guerra bárbara, as atrocidades que os russos estão a cometer na Ucrânia. E, ao mesmo tempo, em estreito diálogo com os nossos parceiros transatlânticos, ficou acordado que não devemos perturbar os mercados internacionais do petróleo. Isso também não nos ajudaria", explicou Frans Timmermans, Vice-presidente da Comissão Europeia.
A reação da China e da Índia?
As medidas vão ser aplicadas pela Austrália e pelos outros membros do grupo intergovernamental G7 que não pertencem à UE (pertencem França, Alemanha e Itália), ou seja, EUA, Reino Unido, Japão e Canadá.
A Rússia é o segundo maior exportador mundial de petróleo não refinado, depois da Arábia Saudita e, em 2021, cerca de metade das exportações foi para a Europa.
É, também, na Europa que estão as principais empresas de serviços de transporte e seguro dessa carga. Ou seja, mesmo que grandes consumidores como China e Índia quiserem comprar petróleo russo, terão de pagar no máximo 60 dólares por barril ou terão muito mais dificuldade em o receber.
Mas nem todos estão convencidos de que irá funcionar, como explicou à euronews Alan Gelder, vice-presidente da consultora Wood McKenzie: "Temos estado bastante céticos sobre se haverá redução efetiva nos fluxos de petróleo russo. Pensamos que a China e a Índia não participarão deste teto de preços. Por isso, os fluxos de petróleo para esses destinos deverão manter-se em grande parte".
"Muitos países da UE passam a estar proibidos de importar, mas não penso que esta será uma medida muito perturbadora. Só o tempo dirá!", acrescentou.
O governo russo reagiu a este reforço das sanções, dizendo que não venderá petróleo abaixo dos 60 dólares por barril, mesmo que isso significasse reduzir a produção de petróleo.
Esta guerra energética deverá entrar num período de ainda maior incerteza para os mercados e poderá ter um grande impacto na vida dos cidadãos e das empresas de menor dimensão.