Atlas da Contraceção mostra disparidades de acesso na Europa

O estado da contraceção na Europa continua a ser muito desigual. Os números foram revelados a uma semana do Dia dos Namorados, que celebra o amor romântico. De acordo com os autores do chamado Atlas da Contraceção, há muito a fazer para ajudar as famílias a terem filhos de forma planeada.
- Nos 46 países da Europa, apenas 57% das mulheres utilizam a contraceção moderna
- Mais de um terço (35%) das gravidezes são involuntárias (o que não significa que acabem por ser interrompidas)
Nos 27 países da União Europeia, o acesso aos vários métodos (pílula, preservativo, implantes, etc), ao aconselhamento de peritos e à informação na Internet difere muito, tendo sido estes os critérios avaliados no atlas.
As taxas mais altas são em França (93%) e na Bélgica (92%), as mais baixas na Polónia (33%) e na Hungria (40%). Portugal tem uma taxa de 74%.
Os peritos recomendam que os governos se certifiquem de que a contraceção é coberta pelos sistemas nacionais de saúde e que tenham programas dedicados aos jovens.
"Muitos jovens podem ter planos para constituir família, mas querem fazê-lo só dentro de alguns anos. Por isso, talvez sejam mais adequados certos contracetivos que são de ação prolongada e reversíveis, em vez de outros que exigem uma toma diária, tais como a pílula contracetiva", disse Neil Datta, diretor-executivo do Fórum Parlamentar Europeu para os Direitos Sexuais e Reprodutivos, em entrevista à euronews.
Campanhas promovidas pela Comissão Europeia
Apenas 43% dos países incluem nos seus sistemas nacionais de saúde a possibilidade de cobrir o custo total ou parcial dos contracetivos, incluindo os tipos mais caros, tais como injeções, dispositivos intra-uterinos e implantes.
O grupo informal "Eurodeputados pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos" defende uma maior proatividade por parte das instituições europeias.
A apresentação do atlas foi presidida por Sophie In't Veld, eurodeputada liberal neerlandesa: "O problema é que a Comissão Europeia tem sido sempre extremamente tímida e relutante, não ousando falar do tema porque pensa que é demasiado político".
"Existem campanhas (europeias) sobre cancro, obesidade, Alzheimer. Porque não fazer sobre contracetivos e planeamento familiar? Porque isso faz parte da política de saúde pública", acrescentou Sophie In't Veld.
O Atlas da Contraceção já contribuiu para alterações legislativas em sete Estados-membros: Bélgica, França, Finlândia, Itália, Irlanda, Lituânia e Luxenburgo.