O tribunal de Bruxelas voltou a negar o pedido para que a eurodeputada grega aguarde julgamento em casa, com pulseira eletrónica.
PUBLICIDADEA ex-vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili, vai ficar na prisão pelo menos por mais um mês. Em causa está o caso de corrupção para alegadamente favorecer os governos do Qatar e de Marrocos, algo que estes países negam ter ocorrido.
O tribunal de Bruxelas voltou a negar o pedido para que a eurodeputada grega aguarde julgamento em casa, com pulseira eletrónica, decisão criticada por um dos seus advogados, Sven Mary.
"Se alguém se torna apenas um símbolo, e se decide que deve ficar detido por causa desse simbolismo, que advém do facto de ser uma pessoa conhecida enquanto vice-presidente do Parlamento Europeu, então isso não faz sentido", disse Sven Mary.
A equipa de defesa de Kaili também criticou a credibilidade que se dá às informações veiculadas pelo detido Pier Antonio Panzeri, ex-eurodeputado socialista italiano que é o alegado mentor da organização criminosa e que assinou um acordo com a justiça belga para obter uma pena mais leve.
O acordo de Panzeri
Tinha sido emitido um pedido de extradição da esposa e da filha de Panzeri, que vivem em Itália, e que foi retirado após a assinatura do acordo.
"A única coisa que ele disse foi que tinha ouvido dizer, em 2019, que Kaili obteve o apoio do Qatar para a campanha eleitoral. Isto é mentira. E ele diz que ouviu, mas não tem quaisquer provas para o justificar. Atualmente, o Senhor Panzeri não é de confiança. Está determinado a acusar qualquer pessoa para se salvar a si próprio e à sua família de pena de prisão", disse o advogado Michalis Dimitrakopoulos.
Recentemente despojado da imundidade parlamentar, o eurodeputado belga socialista Marc Tarabella também foi presente ao juiz, esta quinta-feira, no âmbito do mesmo caso.
O seu advogado, Max Toller, diz que o mandado de captura foi feito com base numa avaliação incorreta e parcial dos alegados indícios.
"Na nossa opinião, o processo não revela absolutamente o mais pequeno vestígio de que o Senhor Tarabella tenha recebido dinheiro de forma suspeita. Pedimos uma análise a um perito jurídico, que entregamos, hoje, ao tribunal. Essa análise mostra que não há vestígios de terem sido transferidos 120 mil ou 140 mil euros para a conta do Senhor Tarabella, seja de forma indireta ou em dinheiro", referiu Max Toller.
Entretanto, uma dezena de eurodeputados socialistas italianos enviaram uma carta à presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, sobre as alegadas más condições de detenção de Eva Kaili na prisão de Haren.
O assistente parlamentar Francesco Giorgi, companheiro de Kaili e pai da sua filha, também permanece na prisão. O director de uma organização não-governamental, Niccolò Figà-Talamanca, esteve detido mas já foi libertado sem medidas de coação.
Outro eurodeputado socialista italiano, Andrea Cozzolino, foi preso na semana passada, em Nápoles, e as autoridades belgas solicitaram a sua extradição de Itália.