UE aprovou décimo pacote de sanções contra a Rússia

Rússia continua a ter bastantes fontes de rendimento com os combustíveis
Rússia continua a ter bastantes fontes de rendimento com os combustíveis Direitos de autor Grigory Sysoyev/Sputnik
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De  Jorge LiboreiroIsabel Marques da Silva
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A Comissão Europeia estima que as medidas impedem a Rússia de renovar os produtos tecnológicos que usa no campo de batalha.

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A União Europeia (UE) aprovou o décimo pacote de de sanções contra a Rússia, em resposta à invasão da Ucrânia, sexta-feira, dia em que se assinala o primeiro ano da guerra. 

De assinalar que pessoas e entidades ligadas à propaganda foram incluídas na lista. Pela primeira vez, também, entidades ligadas à Guarda Revolucionária do Irão foram visadas, por causa da ajuda militar secreta ao Kremlin.

Mas obter o acordo demorou mais tempo do que o esperado, tendo a reunião de embaixadores da UE sido alargada a três dias, por forma a conseguir incluir as exigências de todos os  27 Estados-membros, já que as sanções requerem aprovação por unanimidade.

Diplomatas que falaram à euronews sob condição de anonimato, mencionaram que havia falta de consenso sobre vários temas, incluindo sobre um pedido da Hungria para retirar vários nomes russos da lista negra da UE.

Por outro lado, a Polónia exigia sanções contra o setor nuclear russo. Estes temas acabaram por serem abandonados. 

Outro ponto de difícil do acordo teve a ver com aimportação de borracha sintética de fabrico russo, muito utlizada na indústria automóvel (nomeadamente para pneus).

A Polónia, que exporta borracha sintética, argumentou que a quota isenta no âmbito da proibição proposta era demasiado generosa para a Rússia e não refletia as tendências do mercado.

"Acreditamos que para certos produtos petroquímicos, os períodos de transição propostos são demasiado longos e a quota proposta é demasiado elevada. Especialmente quando existem substitutos no mercado da UE", disse o embaixador polaco, Andrzej Sadoś, aos repórteres após as conversações de quinta-feira.

Durante as negociações, os embaixadores decidiram, também, manter duas entidades russas na lista negra, apesar dos avisos do serviço jurídico do Conselho da UE, que tinha manifestado preocupações sobre a insuficiência de provas sobre a colaboração na guerra e possível processo judicial, disse um diplomata.

Além disso, os embaixadores chegaram a um acordo político sobre não incluírem, para já, nas sanções a importação de diamantes de fabrico russo, um tópico sensível para a Bélgica, que tem uma forte indústria de joalharia. 

O tema será abordado mais aprofundadamente em coordenação com os parceiros do G7 ( composto por Japão, Reino Unido, Canadá, EUA e três países da UE - Alemanha, França e Itália).

O que está nas novas sanções?

O pacote introduz a proibição de exportação para a Rússia de bens industriais no valor de 11 mil milhões de euros, tais como peças sobressalentes para camiões, motores a jato, antenas e gruas, que a UE considera que Moscovo terá dificuldades em substituir via outros fornecedores.

São impostas restrições a 47 componentes eletrónicos, bem como minérios de terras raras e câmaras térmicas, que podem ser utilizados na construção de armas russas.

A Comissão Europeia estima que estas medidas impedem a Rússia de renovar os produtos tecnológicos que usa no campo de batalha.

Quanto aos indivíduos, foram incluídos propagandistas, representantes políticos e comandantes do exército russos, bem como indivíduos que se acredita serem responsáveis pelo rapto e deportação de crianças ucranianas.

No caso da Guarda Revolucionário do Irão (IRGC), força paramilitar sob comando do Líder Supremo Ali Khamenei, foram incluídas na lista negra sete entidades que operam no seu âmbito. A Guarda é suspeita de fornecer a Moscovo armas letais, em particular os chamados "drones armadilhados", que se auto-destroem quando atingem o alvo, causando maiores danos.

Embora o governo de Teerão negue qualquer envolvimento na invasão, vários relatórios têm confirmado a utilização desses drones, nomeadamente o Shahed-131 e o Shahed-136, na destruição das infraestruturas essenciais da Ucrânia.

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A UE e o G7 estão cada vez mais preocupados com o possível apoio que outros países possam dar à Rússia, como linha de salvação para amortecer o impacto das sanções e manter a máquina de guerra a funcionar.

Os EUA avisaram que a China está a considerar fornecer armas e munições a Moscovo. Um passo que seria cruzar uma "linha vermelha" nas relações entre China e a UE, segundo as instituições europeias.

As autoridades chinesas negaram as alegações e acusaram o governo de Washington de espalhar mentiras. No início desta semana, houve uma reunião do Presidente russo com Wang Li, o diplomata mais graduado da China, que revela a proximidade entre as duas partes.

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