O executivo francês acusa o grupo "Soulèvements de la Terre" de apelar e recorrer à violência. Ecologistas já anunciaram a resposta à sanção
Milhares de pessoas protestaram por toda a França contra decisão do governo de dissolver o grupo ecologista "Soulèvements de la Terre" ("Tremores de Terra", em tradução livre), que nos últimos meses tem dado que falar em diversos atos de revolta em nome do ambiente.
O governo francês decidiu dissolver o grupo em Conselho de Ministros, acusando-o de “apelar” e participar” em atos violentos. A decisão foi de pronto criticada pela esquerda e pelo próprio grupo ecologista, mas o porta-voz do executivo reiterou a decisão.
"Não é a liberdade de expressão nem o direito à manifestação que estão em causa. Não estamos a sancionar ideias. É o repetido recurso à violência contra bens e as pessoas, recorrente em diversas ocasiões nas últimas semanas", explicou Olivier Véran.
O próprio ministro do Interior, Gérald Darmanin, aproveitou um incidente em Toulouse, onde o autarca local foi agredido durante os protestos de apoio ao grupo ecologista, para uma vez mais sublinhar que "o recurso à violência não pode ser tolerado em República"
Os advogados do grupo vão recorrer contra a dissolução decretada, alegando que o governo "não tem base legal" para tomar aquela decisão "nem está a respeitar liberdades fundamentais".
Além de que defendem tratar-se "não de um grupo, mas de um movimento horizontal, e que, por isso, não pode ser dissolvido".
"O que cresce por todo o lado não pode ser dissolvido. Não se dissolve uma revolta", respondeu o próprio grupo pelas redes sociais, logo após a decisão, apelando a protestos por toda a França e prometendo resistir à sanção do governo.
"Não nos vamos deixar intimidar pela dissolução administrativa nem pela aplicação dos meios da polícia antiterrorismo contra nós", avisou, no protesto em Paris, Basile Dutertre, o porta-voz do grupo "Soulèvements de la Terre".
O movimento criado em 2021 apresenta-se como um grupo de jovens revoltados pela catástrofe ecológica em curso, tem mantido um braço de ferro com o governo há meses e, esta quarta-feira em Paris, contou com o apoio da ativista ambiental sueca Greta Thunberg.