Pode e deve o clima ser manipulado pela Humanidade para combater os efeitos das alterações climáticas? A geoengenharia é uma especialidade tecnológica que visa ajudar a combater o aquecimento global no planeta.
A geoengenharia é uma área em desenvolvimento e algo controversa mas que merece a atenção da Comissão Europeia, com alertas sobre os riscos para todo o planeta.
"Constatamos que a geoengenharia é discutida e explorada em várias partes do mundo e que é considerada por alguns como uma potencial resposta às alterações climáticas. Esta é uma questão com implicações globais e riscos consideráveis. Nninguém deveria fazer experiências sozinho no nosso planeta partilhado", disse Frans Timmermans, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, quarta-feira, em conferência de imprensa, em Bruxelas.
Os investigadores já estão a trabalhar em vários tipos de tecnologias para baixar as temperaturas, que têm vindo a aumentar por via do efeito de estufa causado por emissões poluentes de orgiem humana.
Uma delas é a injeção de aerossol estratosférico, que passa pela libertação de pequenas partículas que reflectem a luz usando aviões.
Para obter um efeito significativo, seriam necessários centenas ou mesmo milhares de aviões especializados a trabalhar durante anos.
Outra proposta é o branqueamento de nuvens marinhas, isto é, a tentativa de aumentar a refletividade das nuvens baixas com a ajuda de partículas de aerossol libertadas pelos barcos.
Cientistas preocupados
Uma parte importante da comunidade científica é crítica em relação a estas tecnologias. Cerca de 450 investigadores enviaram uma carta aberta à Comissão Eurpeia, expressando as suas preocupações.
Entre eles está Frank Biermann, um especialista em governação global da Universidade de Utrecht, entrevistado pela euronews: "Estas incertezas não podem ser eliminadas pela investigação porque, no final, o impacto final destas tecnologias só será conhecido quando for experimentado à escala planetária".
"Não é possível eliminar todas as incertezas através de experiências em laboratório ou de experiências em pequena escala. Os cientistas sociais estão muito preocupados com o risco geopolítico. O que acontecerá se alguns países o fizerem sozinhos?", questiona.
Os avanços mais significativos estão a ocorrer nos EUA, mas a China é outro ator relevante.
As Nações Unidas já elaboraram relatórios alertando para a necessidade de usar com cuidado estas tecnologias, incluindo as que visam fazer a gestão da radiação solar e eliminação dos gases com efeito de estufa.