O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) iniciou, quinta-feira, o seu périplo pelo Médio Oriente, no Kibbutz Be'eri, em Israel, a apenas três quilómetros da Faixa de Gaza. Josep Borrell condenou o Hamas e voltou a pedir respeito pelas vidas dos palestinianos durante os combates no território.
"Compreendo o medo e a dor das pessoas que foram atacadas, massacradas, raptadas. Compreendo a vossa raiva. Mas deixem-me pedir-vos que não se deixem consumir pela raiva. Penso que é isso que o melhor amigo de Israel vos pode dizer. O que faz a diferença entre uma sociedade civilizada e um grupo terrorista é o respeito pela vida humana", disse Josep Borrell, no Kibbutz Be'eri, em Israel.
Nesse local, a 7 de outubro, os militantes do Hamas mataram pelo menos 130 pessoas, incluindo mulheres, crianças e bebés, quase um décimo das 1200 pessoas mortas nesse dia, a que se juntam cerca de 240 reféns.
Borrell encontrou-se com sobreviventes e familiares das vítimas dos ataques, acompanhados pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen: "Todos nós devemos estar unidos para libertar Gaza do Hamas, para a segurança do Estado de Israel, para o povo de Gaza e para o mundo inteiro. Caso contrário, a Europa será a próxima".
Apesar de os combates contra os militantes do Hamas, em Gaza, estarem a afetar gravemente a população civil, Borrell reiterou que a UE apoia o direito de auto-defesa de Israel "em conformidade com o direito internacional e o direito humanitário internacional".
O diplomata também apelou à libertação de todos os reféns: "Nada justifica o rapto de mulheres, crianças e idosos das suas casas e a sua tomada como reféns em Gaza. Mais uma vez, em nome da UE, apelo à sua libertação imediata e incondicional".
"Um horror não justifica outro horror"
"O Hamas tem de ser derrotado, mas o Hamas não representa o povo palestiniano. Sabemos que a guerra é horrível e o que vimos aqui é horrível, (mas) um horror não justifica outro horror", disse Borrell, recordando que "civis inocentes, incluindo milhares de crianças" foram mortos ou obrigados a abandonar as suas casas em Gaza.
A UE classifica o Hamas como organização terrorista e tem sempre realçado que não representa o povo da Faixa de Gaza, apesar de ter o controlo do território desde 2007.
Borrell apelou ao acesso humanitário sem entraves na Faixa de Gaza, incluindo corredores humanitários e pausas nos combates, para distribuir a ajuda que está a ser enviada por doadores de todo o mundo.
A ofensiva militar israelita por ar, terra e mar contra a Faixa de Gaza já provocou mais de 11 mil mortos, cerca de 30 mil feridos, 3,400 desaparecidos e cerca de 1,7 milhões de desalojados que vivem no meio de hospitais em colapso e de uma crise humanitária devido à falta de água potável, alimentos, medicamentos, eletricidade e combustível.
O périplo segue para o território palestiniano da Cisjordânia e José Borrell visitará, ainda, quatro países da reguão: Bahrein, Arábia Saudita, Qatar e Jordânia, para conversações sobre assistência humanitária.
No fim-de-semana, a presidente da Comissão Europeia, Urusla von der Leyen, visitará o Egito e a Jordânia.
A UE espera poder mediar uma conferência de paz assim que for possível para voltar a tentar implementar a solução de dois Estados prevista numa resolução da ONU. "Só é possível alcançá-la através do diálogo", afirmou Borrell narede social X, pouco antes da viagem.