Países Baixos: Vítória da extrema-direita poderá dificultar consensos na UE

O partido de Wilders precisa do apoio de pelo menos 76 deputados no Parlamento
O partido de Wilders precisa do apoio de pelo menos 76 deputados no Parlamento Direitos de autor Phil Nijhuis/AP
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De  Vincenzo Genovese
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O resultado das eleições nos Países Baixos pode ser uma nova dor de cabeça para a União Europeia (UE). Uma das propostas do PVV, durante a campanha, foi a realização de um referendo vinculativo sobre a saída do país da UE.

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Para já, a Comissão Europeia não parece estar preocupada com o resultado das eleições nos Países Baixos, apesar de uma das propostas do Partido da Liberdade (PVV), na campanha, ter sido a realização de um referendo vinculativo sobre a saída do país da UE.

"As eleições realizam-se a intervalos regulares nos Estados-membros e isso não põe em causa, por si só, a pertença de qualquer país à União Europeia. Continuamos a contar com a forte participação dos Países Baixos na União Europeia", disse o porta-voz, Eric Mamer.

Mesmo que seja improvável uma repetição do Brexit, que levou à saida do Reino Unido, há três grandes fontes de preocupação para o bloco se o líder do PVV, Geert Wilders, assumir o poder através de uma coligação (obteve apenas 37 dos 150 assentos no Parlamento).

Penso que poderemos assistir, com Wilders no poder, a uma posição muito mais crítica no que respeita ao orçamento da União Europeia, - o Quadro Financeiro Plurianual -, que terá de ser negociado em breve.
Doru Frantescu
Analista político, EUmatrix

O analista político Doru Frantescu elenca as posições do partido, de extrema-direita e eurocético, sobre imigração, ajuda militar à Ucrânia e orçamento da UE.

"O governo neerlandês não pode voltar atrás em relação à Ucrânia. Mas, ainda assim, haverá algumas dificuldades em chegar a um consenso", disse o fundador do grupo de reflexão EUmatrix, em entrevista à euronews. 

"Penso que poderemos assistir, com Wilders no poder, a uma posição muito mais crítica no que respeita ao orçamento da União Europeia, - o Quadro Financeiro Plurianual -, que terá de ser negociado em breve. Mesmo com um governo mais pró-europeu nos Países Baixos, vimos os neerlandeses a serem bastante críticos, pressionando para não se aumentar o orçamento da UE. Agora, com este novo governo, pode ser ainda mais o caso", acrescentou Doru Frantescu.

Uma voz importante na UE

O partido de Wilders precisa do apoio de pelo menos 76 deputados no Parlamento para garantir uma maioria. As conversações com outros partidos irão provavelmente demorar bastante tempo, dado que o último governo também demorou 10 meses a ser formado.

"A grande questão é saber se vão conseguir formar um governo antes ou depois das próximas eleições europeias. Penso que isso vai ser muito importante para a Europa, especialmente porque a questão é saber quem vai representar os Países Baixos em junho, ou julho, quando a nova Comissão Europeia começar a ser criada e as prioridades do novo ciclo político na Europa a serem negociadas", referiu o analista.

A vitória do PVV é vista como mais um estímulo para a vaga nacionalista e de extrema-direita que se espalha um pouco por toda a Europa. Entre os que enviaram os parabéns a Gilders estão homólogos de Espanha, França, Italia, Bélgic e Portugal.

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