O bairro de Bruxelas onde se situam as instituições europeias foi um dos palcos dos protestos dos agricultores europeus, no dia da cimeira extraordinária da UE, para dar continuidade a longas semanas de manifestações. Na cimeira propriamente dita, foi aprovado o fundo para a Ucrânia.
Milhares de agricultores chegaram à cidade com os seus tratores para denunciar o que consideram ser uma política agrícola profundamente injusta e incoerente.
A presidente da Comissão Europeia reuniu-se, informalmente, com alguns deles, no final da cimeira, prometeu mais diálogo e recordou que o executivo comunitário tomou algumas medidas recentemente, incluindo propostas para limitar as importações de produtos agrícolas da Ucrânia e flexibilizar os regulamentos ambientais sobre terras em pousio .
O seu vice-presidente, Maroš Šefčovič, também mostrou compreensão pelas exigências: "A Comissão Europeia acredita que, ao tomar esta medida de estabilização, podemos ajudar a aliviar a pressão que sabemos que os nossos agricultores estão a sentir, a fim de garantir que possam permanecer economicamente viáveis durante estes tempos de grande incerteza."
Quanto à cimeira da UE extraordinária, saldou-se por uma surpreendentemente rápida aprovação do fundo de 50 mil milhões de euros para a Ucrânia, até 2027, com o levantamento do único veto, usado pela Hungria na reunião de líderes da UE, em dezembro.
"Tivemos discussões intensas e de confiança (com a Hungria), com grande clareza sobre a situação. Mas compreenderão que, por muito que compreenda o vosso interesse, não vos vou dar nenhuma informação sobre o que se passou "atrás do buraco da fechadura"", disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, aos jornalistas.
A euronews falu com Frank Furedi, diretor executivo do centro de estudos húngaro MCC sobre como e porquê o primeiro-ministro, Viktor Orbán, cedeu ao fim de uma hora de cimeira, após várias reuniões multilaterais, nomeadamente com os líderes da Alemanha, França, da Itália, entre outros.
"Penso que o primeiro-ministro da Hungria é um político bastante pragmático. E desde que exista a possibilidade de voltar a abordar esta questão mais tarde, ele aceita a decisão. Não é necessariamente o que ele queria, mas no fim de contas, tendo em conta o equilíbrio de forças e os cálculos que fez, estava preparado para a aceitar", disse Frank Furedi.
(Veja a entrevista na íntegra em vídeo)