A companhia aérea finlandesa teve de cancelar o seu voo para Tartu, na Estónia, em dois dias consecutivos. O motivo foi uma perturbação da navegação por satélite, pela qual os serviços secretos russos são considerados responsáveis.
Pela segunda vez em 48 horas, um avião finlandês regressou a Helsínquia pouco antes de aterrar em Tartu, na Estónia, devido a problemas de navegação por satélite. De acordo com a companhia aérea finlandesa Finnair, os voos previstos para sexta-feira e sábado à noite foram afetados.
De acordo com a Autoridade de Aviação da Estónia, estas perturbações têm ocorrido diariamente desde o final de 2022, não só na Estónia mas também noutros países que fazem fronteira com a Rússia.
No final de março, foi noticiado que cerca de 1600 voos sobre o nordeste da Europa foram afetados por um ataque de interferência de GPS sem precedentes que durou 63 horas. A interferência no sinal do GPS está também a ocorrer na Ucrânia, no Mar Negro e no Mediterrâneo Oriental.
Além da alegada interferência, que leva à perda do sinal GPS, foi também detectada uma falsificação da posição indicada pelo sistema GPS. Trata-se do envio de um sinal GPS falso e, consequentemente, da apresentação de posições e altitudes incorretas aos pilotos.
O especialista em aviação Sven Kukemelk suspeita que os serviços secretos russos estejam por detrás do “empastelamento” do sinal enviado pelo GPS. No entanto, é possível que se trate apenas de um efeito secundário da guerra: "Aparentemente, há aqui alguns sinais que os russos estão a tentar bloquear para nós e vice-versa. Utilizam tecnologia de radar para monitorizar o movimento de unidades militares. Normalmente, são acordadas determinadas frequências entre os países para este efeito, mas é claro que esses acordos não se aplicam em caso de guerra", diz Kukelmek.
Como os aviões devem ter vários sistemas de navegação, a interferência do GPS não deve constituir uma ameaça imediata para a aviação civil.
O chefe da gestão do tráfego aéreo do prestador de serviços de navegação aérea da Estónia, EANS, Mihkel Haug, alertou para a necessidade de não se confiar demasiado na navegação por satélite: "A diretiva geral da União Europeia e do setor da aviação em geral era mudar para o GPS. Na situação atual, temos de reavaliar isso".
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Margus Tsahkna, descreveu a perturbação do tráfego aéreo como um "ataque híbrido". Tenciona levantar a questão junto dos países aliados.