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Bruxelas critica proibição de bandeiras da UE na Eurovisão e pede explicações

Nemo, da Suíça, foi coroado o vencedor da Eurovisão 2024.
Nemo, da Suíça, foi coroado o vencedor da Eurovisão 2024. Direitos de autor Sarah Louise Bennett / EBU
Direitos de autor Sarah Louise Bennett / EBU
De  Jorge Liboreiro
Publicado a
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Artigo publicado originalmente em inglês

A Comissão Europeia manifestou a sua indignação face à proibição de bandeiras da UE no Festival Eurovisão da Canção e exige explicações.

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"A Eurovisão é, antes de mais, uma celebração do espírito europeu, da nossa diversidade e talento europeus. A bandeira da UE é um símbolo disso mesmo. A menos de um mês das eleições europeias, não deve haver obstáculos, grandes ou pequenos, para celebrar o que une todos os europeus", afirmou o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas, na rede social X, no sábado à noite.

Vários espetadores que assistiram à Grande Final, no sábado, disseram, via redes sociais, que foram repreendidos por transportarem as bandeiras azuis com as estrelas amarelas.

O executivo da UE está agora a procurar respostas junto da União Europeia de Radiodifusão (UER), a aliança de meios de comunicação social públicos, com sede em Genebra, e organizadora do festival musical. Schinas tenciona discutir a questão com os representantes da UER ainda esta segunda-feira.

"É certamente lamentável. Do nosso ponto de vista, não há absolutamente nenhuma razão para esta bandeira (...) ser banida do local", disse Eric Mamer, o porta-voz da Comissão.

"Este não é um evento organizado pela União Europeia. Podemos dar a conhecer a nossa opinião. Podemos certamente encorajar a EBU a compreender que se trata de um erro e depois cabe-lhes a eles decidir como proceder", acrescentou.

"Aumento das tensões geopolíticas"

Em comunicado enviado à Euronews, a UER afirmou que a política de bandeiras foi acordada com a SVT, a emissora sueca e anfitriã do concurso deste ano, mas sublinhou que não existe uma disposição explícita que proíba as bandeiras da UE.

"Tal como em anos anteriores, como o de 2023, a política da SVT consistiu em permitir as bandeiras dos países participantes e as bandeiras arco-íris. Nunca houve uma proibição expressa da bandeira da UE na política escrita", afirmou um porta-voz da EBU

"Devido ao aumento das tensões geopolíticas, a política de bandeiras foi aplicada de forma mais rigorosa pela segurança no evento deste ano", acrescentou.

Mamer ripostou, afirmando que não é função da UER fazer declarações sobre a situação geopolítica e o impacto que esta "pode ou não ter" nos participantes.

"Eu diria mais: é exatamente quando a situação geopolítica é complicada que devemos defender os nossos valores - os valores da liberdade, da diversidade cultural e da compreensão entre os povos", acrescentou Mamer. "Não creio que este seja o momento certo para impedir as pessoas de expressarem os seus valores, hasteando a bandeira europeia, por exemplo."

A Euronews contactou a SVT para comentar o assunto.

O  caso da bandeira veio na sequência de uma série de controvérsias que mancharam a edição deste ano, incluindo a expulsaode Joost Klein, o candidato neerlandês, e a participação de Israel numa altura de guerra em Gaza.

Os jornalistas que estiveram em Malmö, na Suécia, descreveram um ambiente de tensão e caos. Martin Österdahl, o supervisor executivo do concurso, foi fortemente vaiado durante a Grande Final quando interveio para anunciar o encerramento da votação.

No entanto, na altura em que Nemo, o representante suíço, arrebatou o troféu, o ambiente tornou-se extático, com a arena a entoar o refrão da canção vencedora, "The Code".

Tive de contrabandear a bandeira porque a Eurovisão disse que não e eu fi-lo na mesma.
Nemo
Vencedor do Festival Eurovisão 2024

Uma bandeira política?

A bandeira da Europa, com o seu distinto azul reflexo e 12 estrelas amarelas, foi concebida em 1955 pelo Conselho da Europa, uma organização de defesa dos direitos humanos com 46 membros, e ganhou reconhecimento nos anos 80, depois de a UE a ter tornado o seu símbolo oficial. 

A bandeira é frequentemente exposta em edifícios públicos dos 27 Estados-membros ao lado da bandeira nacional, com o mesmo grau de visibilidade.

Mas este ano, na Eurovisão, a sua presença foi contestada.

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Dorin Frăsîneanu, um conselheiro político do partido ALDE que viajou com amigos para Malmö, contou à Euronews a sua experiência.

"Aproximámo-nos da arena e, enquanto fazíamos fila para passar pela segurança, pediram-me a mim e aos meus amigos para mostrarmos que bandeiras tínhamos. Claro que mostrámos as bandeiras da UE que tínhamos e os seguranças disseram-nos que não era permitido entrar com elas, que se tratava de uma bandeira política", disse Frăsîneanu.

"Ficámos honestamente chocados e horrorizados. O segurança, no entanto, foi muito educado e disse que, infelizmente, não podia fazer muito, a EBU tinha-lhes dado uma fotografia com todas as bandeiras permitidas. De facto, a bandeira da UE não estava lá", explicou.

Foi então pedido ao grupo de amigos que entregasse as bandeiras da UE para poderem entrar no recinto, explicou Frăsîneanu.

De acordo com as regras da Eurovisão, os espetadores podem exibir e agitar bandeiras de qualquer país participante, bem como a bandeira do Orgulho, considerada um símbolo de tolerância e diversidade. Isto significa, por exemplo, a proibição de levar bandeiras palestinianas.

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No entanto, os organizadores já autorizaram a exibição de bandeiras da UE, como aconteceu no ano passado, em Liverpool. As bandeiras eram claramente visíveis enquanto Loreen se dirigia para o palco depois de ter sido declarada vencedora.

No seu sítio web oficial, a UER afirma que a Eurovisão é um "evento não político" e que todas as delegações e organismos de radiodifusão têm de garantir que o concurso "não será, em caso algum, politizado e/ou instrumentalizado e/ou desacreditado de qualquer outra forma".

A bandeira da UE não foi o único símbolo sob escrutínio. No sábado, os adeptos que transportavam bandeiras não binárias foram informados de que deveriam deixá-las no exterior. Nemo, que se identifica como não-binário, considerou as alegações "inacreditáveis".

"Tive de contrabandear a bandeira porque a Eurovisão disse que não e eu fi-lo na mesma", afirmou na conferência de imprensa após a vitória. "Talvez a Eurovisão precise de ser corrigida de vez em quando", acrescentou.

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