Líderes das bancadas elencam "altos e baixos" no Parlamento Europeu

Os eurodeputados votam durante uma sessão plenária em Estrasburgo, França, a 24 de abril de 2024.
Os eurodeputados votam durante uma sessão plenária em Estrasburgo, França, a 24 de abril de 2024. Direitos de autor EP
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De  Vincenzo GenoveseMared Gwyn Jones
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Artigo publicado originalmente em inglês

A Euronews pediu aos Líderes das bancadas que elencassem os "altos e baixos" no Parlamento Europeu, quando se despedem da 9ª legislatura.

Manfred Weber - Partido Popular Europeu (PPE)

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Questionado a relembrar o maior sucesso do mandato, o presidente do grupo de centro-direita (PPE) relembrou o rescaldo da pandemia Covid-19.

“A maior conquista foi reiniciar o motor económico europeu depois da crise pandémica. O Fundo de Resiliência de Recuperação foi, com certeza, a decisão mais importante neste mandato”, explicou, lembrando o instrumento financeiro de 723,8 mil milhões de euros, criado a partir de emissão de dívida conjunta pela UE.

Manfred Weber, EPP Chairman
Manfred Weber, EPP ChairmanJean-Francois Badias/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.

Weber nomeou, também, as medidas tomadas para conter as alterações climáticas, apesar do PPE ter, recentememte, atacado várias áreas do Pacto Ecológico Europeu**,** uma estratégia para conter o aumento das temperaturas globais.

Sem surpresa, o maior fracasso do Parlamento, segundo Weber, foi a decisão de não defender o chamado processo Spitzenkandidaten, segundo o qual cada partido apresenta um candidato principal para se candidatar à presidência da Comissão Europeia. 

O próprio Weber foi afastado pelos líderes da UE que, em 2019, escolheram Ursula von der Leyen para o cargo, sm que esta fosse sequer membro das listas do partido.

“Nós (o parlamento) cometemos um grande erro ao não apoiar a ideia do Spitzenkandidaten, a ideia de ter uma Europa democrática onde as pessoas saibam antes de irem às eleições quem será o candidato”, explicou, censurando os seus parceiros de coligação por não apoiarem a ideia.

Iratxe García Pérez - Socialistas e Democratas (S&D)

S&D Group President Iratxe García Pérez
S&D Group President Iratxe García PérezPhilippe STIRNWEISS/ European Union 2024 - Source : EP

Para a presidente do centro-esquerda, o mandato ten tantos sucessos que é difícil selecionar só um: “Tem sido uma legislatura muito intensa, excecional e extraordinária”, afirmou, enumerando o Brexit, a recuperação pós-pandemia e a resposta da UE à guerra na Ucrânia como grandes conquistas.

“Conseguimos responder a todos esses desafios mantendo o foco nas prioridades da Europa: estimulando a agenda ecológica, o Estado de direito e todas as políticas necessárias para manter o pilar social europeu”, disse.

A líder da bancada também saudou a primeira lei da UE para combater a violência contra as mulheres, aprovada na quarta-feira, como uma conquista importante, apesar de não incluir quaisquer disposições sobre violação após resistência dos Estados-membros.

Quando questionado sobre os pontos baixos do mandato, García Pérez enunciou o fracasso do bloco em concluir a contestada Lei da Recuperação da Natureza, que visa reverter a perda de biodiversidade terrestre e marítima em pelo menos 20%, até ao final da década. O projeto de lei está atualmente à beira do colapso, perdendo apoio dos governos dos Estados-membros.

Philippe Lamberts - Os Verdes

The Greens Group's co-president Philippe Lamberts
The Greens Group's co-president Philippe LambertsPhilippe STIRNWEISS/ European Union 2024 - Source : EP

O co-presidente do grupo dos Verdes, que se despediu emocionadamente do hemiciclo na quarta-feira, após 15 anos como eurodeputado, disse à Euronews estar muito orgulhoso das conquistas do parlamento na formação do Pacto Ecológico, que disse serem “os primeiros passos apenas na transição da UE na tentativa de cumprir (...) a nossa parte no respeito pelos limites do planeta”.

“Está longe de estar completo, apesar do que muitos dizem”, acrescentou, num claro aceno aos grupos de direita no parlamento.

A primeira de duas falhas do ponto de vista de Lamberts foram as novas regras fiscais, destinadas a voltar a controlos  mais apertados na sequência de regras mais frouxas pós-pandemia. O eurodpeutado descreveu as novas normas como uma “camisa de força fiscal” que tornará o Pacto Ecológico e o apoio à Ucrânia “financeiramente impossíveis”.

Também rejeitou o pacto de asilo e migração, a revisão abrangente da política de migração e asilo da UE, que acredita que “não resolverá nada” e está “apenas a fazer uma piada com os valores europeus”.

Nicola Procaccini - Conservadores e Reformistas Europeus (CRE)

ECR co-president Nicola Procaccini
ECR co-president Nicola ProcacciniAlexis HAULOT/ European Union 2024 - Source : EP

O co-presidente do grupo conservador CRE saudou a resposta do parlamento à invasão da Ucrânia pela Rússia como um dos maiores sucessos do mandato.

“Nesse momento, a União Europeia compreendeu o perigo”, explicou, saudando o pacote 13 de sanções contra a Rússia e as doações sem precedentes do bloco de ajuda económica e militar.

Acrescentou que se a UE não tivesse apoiado inabalavelmente o povo da Ucrânia, o bloco teria arriscado desencadear uma cadeia de eventos que poderia ter “incendiado toda a Europa”.

Para Nicola Procaccini, desenvolver o Pacto Ecológicol “sem interagir com as pessoas”  foi o maior erro do parlamento. No manifesto acordado na terça-feira, o seu grupo  prometeu virar o Pacto "de cabeça para baixo".

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Marco Zanni - Identidade e Democracia (ID)

Identity and Democracy president Marco Zanni
Identity and Democracy president Marco ZanniAlain ROLLAND/ European Union 2024 - Source : EP

Para o grupo de extrema-direita do parlamento, a maior vitória do mandato foi ter trazido as suas prioridades para a agenda, apesar de ser um “grupo minoritário”, disse o seu presidente à Euronews.

Zanni nomeou a imigração, a “proteção” dos agricultores e uma “abordagem mais pragmática” ao Pacto Ecológico como algumas das questões que conseguiram moldar.

“Em suma, conseguimos modificar a agenda do parlamento”, alegou.

Disse que havia “muitos problemas e falhas” no trabalho do parlamento, mas nomeou o “cordão sanitário” de longa data da câmara, que pretende impedir a extrema-direita de exercer muita influência, como a pior delas.

“É uma pena que ainda existam alguns aqui que acreditam que alguns (partidos) devem ser excluídos só porque têm ideias diferentes”, disse Zanni.

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