O episódio, parte da guerra do Kosovo em 1999, azedou as relações entre a China e o Ocidente.
O presidente chinês Xi Jinping visita a Sérvia quando passam 25 anos sobre um episódio que azedou as relações entre a China e o Ocidente: o bombardeamento, por parte da NATO, da embaixada chinesa na então Jugoslávia, em Belgrado.
A série de bombardeamentos da NATO, muito criticada, teve como objetivo parar a ofensiva das tropas de Slobodan Milošević no Kosovo. O ataque à embaixada da China, a 7 de maio de 1999, matou três pessoas, todas de nacionalidade chinesa, e deixou 20 feridas, além de ter provocado um incêndio no edifício.
Na altura, os Estados Unidos pediram desculpa e disseram que se tratou de um erro. O episódio ajudou a aproximar a China da Sérvia. Pequim é atualmente o segundo parceiro comercial mais importante do país dos Balcãs, depois da União Europeia. O sentimento pró-chinês é visível nas ruas de Belgrado, com uma gigantesca bandeira chinesa erguida num dos arranha-céus da capital sérvia.
Aposta forte do investimento chinês na Sérvia
Nos últimos anos, o investimento chinês tem vindo a afluir à Sérvia, um país que não é membro da União Europeia. Pequim possui minas e fábricas e está a financiar a construção de uma linha ferroviária entre Belgrado e Budapeste. Os comboios russos que aí circulam serão em breve substituídos por locomotivas chinesas.
Ao mesmo tempo, a China é acusada de poluição e degradação ambiental na Sérvia: "Em países como a Sérvia, de certa forma, a economia está na vanguarda, enquanto a ecologia está na retaguarda", diz Mijat Lakićević, analista económico da Novi Magazin, uma revista económica sérvia.
Uma fábrica de pneus chinesa também é acusada de tráfico de seres humanos e exploração de trabalhadores vietnamitas e indianos no país dos Balcãs.
Etapa na Hungria
Xi Jinping visita de seguida a Hungria, considerada um país próximo de Pequim e de Moscovo.
O primeiro membro da União Europeia a aderir às Novas Rotas da Seda é visto como a porta de entrada de Pequim na Europa. Na Hungria, a China está a investir maciçamente em fábricas de veículos eléctricos: "Provavelmente devido ao crescente nível de protecionismo na Europa, para os chineses é agora muito importante deslocalizar pelo menos parte da sua unidade de produção da China para a Europa, a fim de permanecerem e produzirem dentro dos limites da União Europeia", diz Tamas Matura, analista e fundador do Centro de Estudos Asiáticos da Europa Central e Oriental.
Por outro lado, Bruxelas defende medidas protecionistas. Em particular, a Comissão Europeia abriu um inquérito sobre os subsídios chineses aos veículos elétricos e aos painéis solares, acusados de distorcer a concorrência.
Xi Jinping visita estes dois países com relações difíceis com o resto da Europa, depois da passagem por França, num périplo por vários países europeus que pretende desanuviar as relações entre a China e a Europa, que passam por uma altura difícil, nomeadamente devido à guerra na Ucrânia. Esta é a primeira visita de Xi Jinping à Europa em cinco anos.