Os motoristas foram informados por mensagem de texto que o seu empregador, o KM Group - um subcontratante da Amazon-, tinha entrado em falência, deixando-os sem o salário do mês de julho e sem a documentação necessária para acederem ao subsídio de desemprego.
Cerca de 100 motoristas de entregas que trabalhavam para o KM Group, um subcontratante da Amazon no município de Flémalle, no leste da Bélgica, foram despedidos coletivamente via WhatsApp.
Os motoristas foram informados por mensagem de texto que a empresa tinha entrado em falência, tendo estes ficado sem o salário do mês de julho. Para além disso, os motoristas disseram que não receberam os papéis necessários para poderem requerer o subsídio de desemprego.
"Há um mês que não recebo salário. Como é que eu faço para pagar o empréstimo bancário no final de cada mês e o dinheiro para pagar o empréstimo? Se não há rendimentos, o que é que se faz?", questionou Michael Agirman, um dos antigos empregados do KM Group.
"É difícil para nós vermo-nos sem nada de repente e não sabermos o que fazer", disse outro antigo empregado, Dejan Mohammed.
Numa declaração conjunta, a Federação Geral do Trabalho da Bélgica (FGTB) e a Confederação dos Sindicatos Cristãos (CSC) criticaram a forma como os trabalhadores foram despedidos e a situação financeira incerta em que ficaram.
"No dia 31 de julho, fomos informados da falência da empresa através de uma mensagem de WhatsApp", afirmou o secretário provincial da UBT-FGTB, Daniel Maratta. "Não houve qualquer reunião de pessoal ou diálogo social - apenas uma mensagem de WhatsApp", acrescentou.
Os sindicatos dizem que a falência do KM Group foi declarada depois da gigante americana do retalho online Amazon se ter recusado a renegociar os termos do contrato.
Embora o KM Group devesse ter iniciado imediatamente um processo de falência em tribunal, Maratta disse que o balanço da empresa ainda não foi oficialmente apresentado.
O sindicato enviou os trabalhadores despedidos aos centros de ação social para solicitarem ajuda de emergência, mas ainda não é claro se esses pedidos podem ser processados, uma vez que não lhes foi entregue o formulário C4 necessário.
O C4 contém informações importantes sobre as férias vencidas, o subsídio de férias, os impostos e os pagamentos efetuados à segurança social. Geralmente, é passado da entidade patronal anterior para a nova ou, em caso de despedimento, é entregue diretamente ao trabalhador.
A FGTB-UBT informou que o KM Group confirmou não ter fundos disponíveis para pagar aos trabalhadores despedidos os salários que lhes são devidos.
"De momento, estamos a tentar que a entidade patronal apresente a declaração de insolvência para que possamos fazê-lo coletivamente. Caso contrário, o único problema que teremos, ou pelo menos a única saída, é que os trabalhadores terão de ir a tribunal individualmente para tentar recuperar os seus direitos, e isso levará muito tempo", explicou Ludovic Moussebois, diretor do sindicato belga CSC Transcom.
Sindicatos organizaram manifestação em frente à Amazon
Os sindicatos organizaram uma manifestação na quinta-feira de manhã em frente ao depósito da Amazon em Flémalle, que esperam que chame a atenção para as condições de trabalho no setor das entregas.
"Queríamos sensibilizar as pessoas que compram coisas na Internet, na Amazon e noutros sítios. Por detrás do botão Enter, quando se carrega, está montado um motor, toda uma máquina onde os trabalhadores trabalham, por vezes, em condições inaceitáveis", disse o secretário Provincial da UBT-FGTB, Daniel Maratta.