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UE: Pastas económicas cruciais na negociação para escolher comissários

Ursula Von der Leyen enfrenta negociações desafiantes com os líderes dos 27 países da UE
Ursula Von der Leyen enfrenta negociações desafiantes com os líderes dos 27 países da UE Direitos de autor Jean-Francois Badias/Copyright 2024 The AP. All rights reserved.
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De  Isabel Marques da Silva
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As pastas com impacto económico são as mais cobiçadas pelos 27 Estados-membros da UE no que diz respeito à nova equipa de Ursula von der Leyen. Até sexta-feira, todos os governos deverão anunciar os seus nomeados para a Comissão Europeia. Von der Leyen enfrenta negociações desafiantes.

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As políticas em que a Comissão Europeia tem fortes competências sempre foram as mais atrativas do ponto de vista dos governos dos Estados-membros quando têm de nomear os seus candidatos para o executivo europeu, como mostra o "tracker" da Euronews.

Esta é uma forma de tentar exercer mais influência na coordenação global da União Europeia, dizem os analistas, que dão o exemplo do Orçamento como um dos maiores prémios nas negociações com Ursula von der Leyen para formar o seu segundo executivo.

“Temos o Quadro Financeiro Plurianual para ser negociado no próximo mandato. Este será um dossiê muito difícil e muito pesado, mas determinará em grande medida quais são as prioridades dos próximos anos", explicou Janis Emmanouilidis, analista político do Centro de Política Europeia (EPC), em entrevista à Euronews.

Os líderes da Itália, dos Países Baixos, da Finlândia, da Chéquia e da Roménia são alguns dos que afirmaram, claramente, querer uma pasta económica. A França irá provavelmente manter uma pasta forte, uma vez que se espera que Thierry Breton, que é agora comissário para o Mercado Interno, obtenha um segundo mandato.

“Há sempre um grande interesse pela Concorrência e pelo Comércio, áreas onde a UE tem muita competência”, afirma Sophia Russack, analista política do Centro de Estudos de Política Europeia (CEPS), à Euronews.

“O mesmo se aplica àquelas que têm um impacto particularmente elevado no orçamento, por exemplo, os fundos de coesão e da agricultura que, em conjunto, representam cerca de um terço de todo o orçamento da UE”, acrescentou.

Novas pastas em jogo

Nestes "jogos de poder", Ursula von der Leyen pode também recorrer à Defesa, uma nova pasta dedicada à indústria militar, vista como muito relevante devido à guerra na Ucrânia.

Temos também de dizer que em alguns países existem procedimentos internos (específicos). Por exemplo, o Parlamento e/ou o Presidente têm de concordar com a escolha do primeiro-ministro.
Sophia Russack,
Analista política, Centro de Estudos de Política Europeia

A pasta das Relações com o Mediterrâneo, ligada à gestão da migração, e a da Habitação são também novas e terão comissários dedicados.

No “puzzle” ou “jogo de xadrez” para designar os vice-presidentes executivos, von der Leyen terá, ainda, de ter em conta quais os partidos políticos que lhe deram apoio durante a confirmação no Parlamento Europeu (em julho).

“Podemos assumir que mais uma vez - dado que ela é do PPE, o Partido Conservador - deverá haver um político Socialista, um Liberal e, potencialmente, um Verde, entre os cargos de topo da Comissão”, diz Emmanouilidis.

A Itália, a terceira maior economia da UE, ainda não indicou oficialmente o seu candidato e a primeira-ministra, Giorgia Meloni, absteve-se quando o Conselho Europeu votou a favor da reeleição de von der Leyen, um sinal de que o "cordão sanitário" contra a extrema-direita se manteria.

De facto, os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), ao qual pertence o partido de Meloni (Irmãos de Itália), tornaram-se o 4º maior grupo político no Parlamento Europeu e votaram contra a confirmação de Ursula von der Leyen. A pasta que a Itália obterá é um dos temas mais quentes na arena política de Bruxelas.

No primeiro executivo de Ursula von der Leyen foi possível ter quase paridade entre homens e mulheres
No primeiro executivo de Ursula von der Leyen foi possível ter quase paridade entre homens e mulheresOlivier Matthys/Copyright 2019 The AP. All rights reserved

A questão do género

Ela pode argumentar que se o país oferecer um candidato muito bom, então também lhe pode oferecer uma pasta muito interessante. Existem estes tipos de acordos de bastidores que podem ser feitos para pressionar os Estados-membros.
Janis Emmanouilidis
Analista político do Centro de Política Europeia

Outro trunfo a utilizar nas negociações com os governos da UE é a indicação de nomes femininos, uma vez que a Presidente está a ter dificuldades em alcançar o equilíbrio de género que teve na equipa 2019-2024, com menos de 10 mulheres nomeadas, oficialmente, até ao momento.

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"Ela pode argumentar que se o país oferecer um candidato muito bom, então também lhe pode oferecer uma pasta muito interessante. Existem estes tipos de acordos de bastidores que podem ser feitos para pressionar os Estados-membros. Portanto, é uma mistura de género, questões políticas e geográficas, um acordo muito complexo de implementar”, reforça Emmanouilidis.

Esta quarta-feira, Portugal nomeou a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, mas a Dinamarca anunciou um nome masculino - Dan Jørgensen, antigo ministro do Clima e Energia.

"A questão do género é também um sinal dos tempos que vivemos. O próprio Parlamento é, atualmente, composto por menos mulheres do que era no passado, nem sequer 40%. Mas também temos de dizer que em alguns países existem procedimentos internos (específicos). Por exemplo, o Parlamento e/ou o Presidente têm de concordar com a escolha do primeiro-ministro", afirma Russack.

Após receber todos os nomes, Ursula von der Leyen irá realizar entrevistas individuais e apresentar a seleção final ao Parlamento Europeu, que levará a cabo audições com os 26 candidatos. Caso alguns sejam rejeitados, deverão ser apresentados novos nomes até que toda a equipa seja aprovada em plenário.

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