Sempre um passo atrás de Francisco, sempre a seu lado. Oferecendo o seu ombro, a sua ajuda, o seu apoio. Cada vez mais visível à medida que o Papa ia ficando mais fraco, quase todos os dias, com a idade e as sucessivas doenças.
Quando, no final de fevereiro, a equipa de saúde que cuidava do Papa Francisco na policlínica Gemelli, em Roma, considerou a possibilidade de suspender os procedimentos médicos face à grave crise respiratória de Francisco, um homem pediu-lhes que não interrompessem o tratamento.
Massimiliano Strappetti - o enfermeiro pessoal de Francisco - pediu aos médicos “que fizessem tudo o que estivesse ao seu alcance, que não desistissem”, contou mais tarde o cirurgião italiano Sergio Alfieri, numa entrevista ao Corriere della Sera. Os médicos realizaram todos os procedimentos necessários. Apesar de, na altura, todos terem percebido que o Papa poderia não sobreviver àquela noite.
Strappetti trabalha no Vaticano desde 2002, tendo passado anteriormente oito anos na Policlínica Gemelli de Roma. É a esta clínica que os sucessivos papas recorrem quando necessitam de cuidados médicos avançados.
Em agosto de 2022, o Papa Francisco promoveu o enfermeiro do Vaticano a seu “assistente pessoal de saúde”. O Vaticano anunciou a nomeação de Massimiliano Strappetti numa declaração sucinta, de uma só frase. Mas, para o Papa, foi uma decisão tomada com plena convicção da sua importância e justeza.
Francisco recordou que era a ele que devia a sua saúde e a sua vida, depois de Strappetti ter tratado de um problema intestinal de que o Papa tinha padecido um ano antes, que o levou a ser hospitalizado durante dez dias. Os médicos retiraram trinta e três centímetros do intestino grosso de Francisco.
“O enfermeiro, um homem com muita experiência, salvou-me a vida”, referiu o Papa Francisco, em declarações à rádio COPE durante a Conferência Episcopal Espanhola.
Massimiliano Strappetti - marido e pai na sua vida privada - coordena as enfermeiras do pequeno sistema de saúde do Vaticano, que presta cuidados essenciais aos funcionários e às suas famílias.
Mas também esteve sempre ao lado do Papa, especialmente quando a sua saúde estava a piorar.
Também acompanhou o Sumo Pontífice no Domingo de Páscoa, durante o que viria a ser a sua última aparição pública.
Com o fiel assistente a seu lado, o Papa decidiu conduzir o papamóvel por entre a multidão de fiéis que o saudavam. De acordo com o site Vatican News, Francisco começou por pedir ao enfermeiro, que não o deixou a um milímetro de distância, que o ajudasse a tomar essa decisão. “Achas que sou capaz?”, perguntou a Strappatti, para quinze minutos depois dizer: "Obrigado por me trazeres à Praça."
De acordo com o site do Vaticano, foi para o seu dedicado assistente que o Papa cessante dirigiu uma última saudação, na segunda-feira de Páscoa, num gesto de agradecimento e despedida. Pouco tempo depois, entrou em coma. Morreu, de acordo com o comunicado oficial, às 7h35 da manhã.
O Papa será sepultado no sábado, 26 de abril, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. A cerimónia fúnebre terá início na Basílica de São Pedro, onde o caixão com o corpo de Francisco se encontra até sexta-feira. Vários líderes internacionais já anunciaram a sua presença no funeral.