A Rússia intensificou recentemente os ataques contra cidades ucranianas, resultando num maior número de vítimas.
A invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 obrigou quase 10 milhões de pessoas a fugir, com cerca de 3,8 milhões de deslocados no país e 5,6 milhões no estrangeiro. Mas a maioria quer ficar perto de casa, de acordo com a agência da ONU para os refugiados.
A guerra entre a Ucrânia e a Rússia continua com "intensidade crescente", pelo que a continuação do apoio internacional ao financiamento de uma resposta humanitária é crucial, disse esta sexta-feira a representante na Ucrânia do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Karolina Lindholm Billing.
"De momento, a maioria dos novos deslocados permanece no país e é isso que a maioria das pessoas prefere fazer: ficar o mais perto possível da região de origem", disse Lindholm Billing numa entrevista à agência AP.
A representante do ACNUR sublinhou que todos os dias a organização e parceiros locais ajudam as pessoas que são vítimas de ataques aéreos, incluindo os recentes ataques a Kiev e Kharkiv.
"As pessoas que saem das zonas da linha da frente precisam de apoio. Mas, ao mesmo tempo, temos de continuar a ajudar a recuperação imediata da Ucrânia, para que as pessoas que querem ficar na Ucrânia possam efetivamente fazê-lo", afirmou Lindholm Billing.
Na quarta Conferência de Recuperação da Ucrânia, que está a decorrer em Roma, os líderes europeus apelaram às empresas privadas para investirem na reconstrução do país, mesmo que a Rússia intensifique a guerra.
Espera-se que a conferência finalize acordos individuais de garantias e subvenções para desbloquear mais de 10 mil milhões de euros em investimentos.
Entretanto, a Comissão Europeia anunciou a criação do Fundo Europeu para a Reconstrução da Ucrânia, o maior fundo de capital até à data para apoiar o país.
Os países dispostos a fornecer tropas para uma força de estabilização pós-guerra também concordaram em criar um quartel-general em Paris para facilitar um rápido destacamento após o fim da guerra.
A Rússia intensificou recentemente uma série de ataques com drones Shahed de longo alcance a cidades ucranianas. Ataques que, muitas vezes, também incluem mísseis balísticos e de cruzeiro, bem como poderosas bombas planadoras.
O mês de junho registou o maior número mensal de vítimas civis dos últimos três anos, com 232 pessoas mortas e 1343 feridas.
A Rússia lançou 10 vezes mais drones e mísseis em junho do que no mesmo mês do ano passado, de acordo com a Missão de Direitos Humanos da ONU na Ucrânia.
Lindholm Billing disse que o ACNUR está a trabalhar com o governo ucraniano num "plano de resposta ao inverno", que vai incluir assistência em dinheiro para que as famílias vulneráveis comprem lenha, carvão e briquetes para aquecer as casas nas zonas da linha da frente, onde os sistemas de energia estão danificados.
"Temos outro inverno à porta e sabemos que o tempo frio acrescenta mais uma camada de risco para as pessoas. Por isso, é crucial prestar apoio não só aos sistemas energéticos da Ucrânia, mas também às famílias", afirmou.