Os ministros da defesa da NATO reúnem-se para abordar as recentes incursões de drones e jatos no espaço aéreo europeu. A aliança tem como objetivo criar um "muro dos drones" com a UE para proteger os Estados-membros.
Os ministros da defesa da NATO reúnem-se esta quarta-feira pela primeira vez desde que uma série significativa de drones e jatos russos violaram o espaço aéreo europeu nas últimas semanas.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, afirmou que o plano para responder às incursões está a ser desenvolvido em cooperação com a União Europeia.
Rutte disse à imprensa, na manhã de quarta-feira, antes do início da reunião, que as duas entidades estavam a unir esforços para criar um "muro de drones" - uma ideia promovida pela chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen - que protegeria os Estados-membros de novas incursões de drones no seu espaço aéreo.
Segundo Rutte, os blocos têm responsabilidades diferentes: enquanto a NATO se encarregava da parte militar, a UE dava apoio político e financeiro.
No entanto, de acordo com vários funcionários, o trabalho do Comandante Supremo Aliado da NATO (SACEUR), o tenente-general do exército americano Alex Grynkewich, responsável pela resposta da NATO às incursões, está a ser dificultado pelos processos burocráticos dos governos nacionais.
Não é invulgar que uma aliança de 32 nações divirja nas abordagens, mas as fontes dizem que a longa lista de restrições nacionais está a causar alguma frustração.
Segundo várias fontes, as restrições nacionais estão a criar inconsistências na obtenção das necessárias regras de empenhamento padrão.
O SACUER terá intenção de utilizar aviões militares em qualquer parte do território, perante as violações em curso no flanco oriental.
"Quanto mais restrições nacionais existirem, especialmente no que se refere aos nossos aviões de combate, mais difícil será para o SACEUR", disse o enviado dos EUA Matthew Whitaker aos jornalistas.
Restrições nacionais estão a tornar-nos menos eficazes
No período que antecedeu a reunião de quarta-feira, Rutte criticou abertamente a falta de uniformidade entre os aliados.
"Ainda temos algumas destas reservas nacionais e elas estão a atrasar-nos. Estão a tornar-nos menos eficazes", disse Rutte aos legisladores na Eslovénia, na segunda-feira.
No mês passado, só numa noite, 19 drones entraram no espaço aéreo polaco, tendo sido abatidos ou obrigados a despenhar-se quando a NATO enviou os seus jatos em resposta.
Outros países, como a Estónia, a Roménia, a Finlândia, a Letónia, a Lituânia e a Noruega, sofreram incursões semelhantes. Na Lituânia, a incursão de um jato russo no seu espaço aéreo também desencadeou a intervenção dos caças da NATO.
Simultaneamente, uma série de aparições misteriosas de drones sobre os principais aeroportos assolou os países escandinavos nas últimas semanas.
Embora as especificidades do muro de proteção contra drones não tenham sido totalmente reveladas, a Comissão Europeia disse anteriormente que consistiria numa rede de sensores, bloqueadores de guerra eletrónica e dispositivos cinéticos posicionados em todo o bloco de 27 membros.
Alguns Estados-membros, como a Dinamarca, manifestaram reservas quanto às suas capacidades para fazer face às incursões de drones, apesar dos novos investimentos na defesa aérea e noutros equipamentos.
Rutte já sublinhou que a NATO precisa de aumentar especificamente as suas despesas com a defesa aérea em 400% nos próximos anos. Os líderes da UE apoiaram amplamente a iniciativa do "muro dos drones", apesar de alguns receios de que a sua implementação e funcionamento possam ser dispendiosos.
A reunião tem lugar antes de os EUA tomarem uma decisão crucial sobre o fornecimento de mísseis Tomahawk de longo alcance à Ucrânia, que continua a defender-se da guerra total da Rússia, atualmente no seu quarto ano.
Uma decisão concreta sobre os Tomahawks é esperada na sexta-feira, numa reunião entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, em Washington.
Alguns responsáveis da NATO, que falaram com a Euronews sob condição de anonimato, parecem cautelosamente optimistas quanto a um avanço da Casa Branca.
"A relação entre (Trump e) Zelenskyy melhorou", disse um responsável que não se identificou.
Outro funcionário referiu-se ao potencial impulso resultante do recente sucesso na obtenção de um cessar-fogo no Médio Oriente, juntamente com uma troca de reféns e prisioneiros entre Israel e o Hamas.