Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Depois de drones russos invadirem o espaço aéreo polaco, que tecnologia de defesa tem a Polónia?

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, lidera uma reunião do governo  em Varsóvia, a 10 de setembro de 2025.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, lidera uma reunião do governo em Varsóvia, a 10 de setembro de 2025. Direitos de autor  Chancellery of the Prime Minister of Poland via AP Photo
Direitos de autor Chancellery of the Prime Minister of Poland via AP Photo
De Anna Desmarais
Publicado a
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button

A Polónia investiu milhares de milhões na modernização das forças armadas desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 2022.

PUBLICIDADE

A prontidão da Polónia para responder a ameaças à segurança nacional está a ser testada depois de o exército e aliados da NATO terem abatido vários drones russos sobre o espaço aéreo polaco esta semana.

A Polónia ativou o artigo 4.º do Tratado da NATO em resposta à incursão, que o primeiro-ministro classificou como um "ato de agressão" e que é negada por Moscovo. A medida permitiu a realização de consultas com os membros da NATO em solo polaco e levou à suspensão de voos em vários aeroportos.

O exército polaco colocou as forças de defesa no "mais alto estado de prontidão", de acordo com uma publicação na plataforma social X.

A Polónia tem vindo a preparar-se para uma ameaça deste tipo há anos. Em 2022, adotou a Lei da Defesa Nacional, que atribui mais dinheiro às forças militares e abre novos caminhos para o serviço militar.

Atualmente, o país gasta mais do que qualquer outro país da NATO em arsenal militar em relação à sua dimensão económica. Este ano, gastou com a defesa 4,48% do produto interno bruto (PIB) anual, no valor de 186,6 mil milhões de zlótis (43,8 mil milhões de euros).

Então, de que armas dispõe a Polónia para combater uma possível agressão russa?

Defesa integrada contra ar e mísseis

A Polónia está a estruturar a defesa aérea de modo a cobrir todas as ameaças, desde mísseis balísticos a drones que voam a baixa altitude.

Por exemplo, a empresa polaca Advanced Protection Systems (APS) afirmou ter desenvolvido o sistema anti-drone SKYctrl que utiliza algoritmos de aprendizagem automática para "distinguir automaticamente entre [drones] e aves, reduzindo os falsos alarmes".

A Universidade Militar de Tecnologia de Varsóvia afirmou que um projeto conjunto com uma fábrica de equipamentos mecânicos produziu um sistema anti-drone que pode pôr uma metralhadora de 12,7 milímetros a disparar automaticamente até 3.600 tiros por minuto contra drones a cerca de 3,5 quilómetros de distância.

O governo polaco disse que tem um sistema antiaéreo e antimíssil conhecido como PATRIOT (WISŁA) incorporado numa unidade militar chave para a defesa aérea. O executivo diz que este sistema vai combater "mísseis balísticos táticos de curto alcance", como mísseis de cruzeiro, drones e ataques aéreos pilotados.

O sistema vai utilizar um radar avançado, conhecido como LTAMDS (Lower Tier Air and Missile Defence Sensor), da Raytheon, que, segundo a própria empresa, pode derrotar armas hipersónicas. A Polónia também tem um acordo para adquirir os mísseis PAC-3 MSE da Lockheed Martin, que descreve como o "míssil de defesa aérea mais avançado do mundo".

O país conta igualmente com dois sistemas de defesa aérea de curto alcance (SHORAD), incluindo os MANPADS Piorun para alvos até 6,5 quilómetros de distância, e o sistema de defesa aérea de curto alcance NAREW, que pode atingir alvos a mais de 40 quilómetros de distância.

Está também a construir outro sistema anti-drone, através WB Electronics, que foi apelidado de "Monstro". Os media locais referem que os pormenores técnicos são confidenciais, mas que o sistema pode combater pequenos drones de reconhecimento e sistemas de armas maiores.

Revolução dos drones

A Polónia também está a adquirir drones aos aliados.

Em 2024, comprou três aeronaves pilotadas remotamente MQ-9B SkyGuardian do fabricante americano General Atomics. A empresa diz que as aeronaves vão servir "como plataforma fundamental de inteligência, vigilância e reconhecimento" na Polónia.

Estes drones, quem têm 11,7 metros de comprimento e uma capacidade de carga útil de 2.155 quilos, podem voar via satélite durante mais de 40 horas em todos os tipos de condições meteorológicas e através do espaço aéreo civil, o que, segundo a General Atomics, dá às autoridades "conhecimento situacional em tempo real em qualquer parte do mundo, de dia ou de noite".

Em julho, o país reservou um montante adicional de 200 milhões de zlótis (46,9 milhões de euros) para a aquisição de drones e sistemas de treino. Também afirmou estar a desenvolver um centro de drones no Instituto de Tecnologia da Força Aérea, responsável por "equipar as forças armadas com mini-drones capazes de disparar fogo".

"Estamos a embarcar numa revolução dos drones", afirmou Cezary Tomczyk, secretário de Estado do Ministério da Defesa Nacional da Polónia, durante o anúncio feito em julho. "As Forças Armadas polacas estão a entrar numa nova era em que a utilização em massa de sistemas não tripulados vai tornar-se um dos principais pilares da nossa defesa".

Capacidade de ataque de longo alcance

A Polónia está a investir em armas de longo alcance que podem atingir alvos até 300 quilómetros de distância com mísseis guiados com precisão.

O país está a investir no lançador M142 High Mobility Artillery Rocket System (HIMARS), de fabrico americano, e no obuseiro autopropulsado AHS Krab, de produção nacional, um tipo de artilharia que dispara projéteis em arco alto.

O lançador HIMARS tem um alcance de até 300 quilómetros e, com futuras munições, o alcance deverá ir além dos 499 quilómetros, segundo o fabricante Lockheed Martin.

Cada sistema HIMARS transporta seis foguetes, dois mísseis de ataque de precisão ou um sistema supersónico MGM-140 Army Tactical Missile System (ATACMS).

O papel do AHS Krab é "desativar e destruir alvos localizados muito atrás das linhas inimigas", segundo o fabricante Huta Stalowa Wola (HSW).

A Polónia também está a recorrer à Coreia do Sul para adquirir obuseiros K9, com 824 obuses adquiridos em dois acordos separados com a Hanwha Defence em 2022 e 2023. Os acordos incluem obuses K9 autopropulsados e K9PLs, segundo a Reuters.

A Hanwha Defence afirma que o obuseiro autopropulsado K9, apelidado de "Thunder", é "a arma mais avançada do mundo" do seu tipo, porque proporciona "efeitos consistentes, precisos e rápidos a distâncias superiores a 40 quilómetros".

Uma extensa frota de tanques

A Polónia também está a investir em vários tipos de tanques com o objetivo de chegar a 1.100 tanques até 2030, tendo recentemente investido mais de 6 mil milhões de euros em 180 tanques sul-coreanos K2.

As forças armadas vão acabar por ter 360 K2s através de uma encomenda anterior de outras 180 unidades, a que se juntam 366 tanques Abrams americanos, 235 Leopardos alemães e 150 tanques PT-91 Twardy, fabricados na década de 1990, de acordo com a reportagem do Notes from Poland.

Os tanques K2 podem atingir uma velocidade de 70 quilómetros por hora e um alcance de 450 quilómetros, têm um motor de 1.500 cavalos e estão equipados com um canhão principal de 120 milímetros, calibre 55, com um sistema de carregamento automático, segundo o fabricante Hyundai Rotem.

Em 2022, a Polónia comprou 250 tanques aos Estados Unidos, num negócio no valor de 1,148 mil milhões de dólares (983 milhões de euros) que foi adjudicado à General Dynamics.

As primeiras unidades, agora no país, têm um canhão de cano liso M256 de 120 milímetros que pode "disparar uma variedade de tiros diferentes contra veículos blindados, pessoal e até aeronaves a voar baixo", revelou a empresa.

A Polónia tem no seu arsenal 247 tanques Leopard alemães de vários tipos, segundo a Defense News, incluindo os tanques Leopard 2A4, 2A5 e 2PL.

O país já enviou alguns destes tanques para a Ucrânia devido a acordos com os Estados Unidos e Coreia do Sul.

O país renovou ainda os tanques PT-91 da década de 1990 com "sistemas modernos de controlo de fogo" que permitem disparar mais rapidamente em condições diurnas ou noturnas, diz o fabricante polaco Bumar-Łabędy. Estes tanques pesam 47,5 toneladas e conseguem andar até 65 quilómetros por hora na estrada.

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários

Notícias relacionadas

Polónia apela a reunião do Conselho de Segurança da ONU após incursão de drones russos

Ataque com drones à Polónia: "Putin está a testar a Europa e enviou um sinal a Trump", dizem os especialistas

Polónia aciona artigo 4.º da NATO após drones russos sobrevoarem o país