VW em contagem decrescente para limitar impacto da fraude

VW em contagem decrescente para limitar impacto da fraude
De  Luis Guita
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VW está em contagem decrescente para minimizar o impacto da fraude junto dos consumidores e reconquistar a sua confiança. A reputação da número um da

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VW está em contagem decrescente para minimizar o impacto da fraude junto dos consumidores e reconquistar a sua confiança. A reputação da número um da indústria automóvel sofreu um golpe cujas consequências são ainda difíceis de medir.

A Volkswagen calcula que 11 milhões de carros estão abrangidos, e, para lidar com a crise, o fabricante alemão colocou de parte 6,5 mil milhões de euros.

Os condutores, cada vez mais receosos com as emissões dos seus carros, até agora, estavam preocupados com o dióxido de carbono (CO2), agora são os óxidos de azoto (NOx), mais específicos dos motores a gasóleo, que os preocupam.

“Em primeiro primeiro lugar, estou chocada com o fato de tal coisa ser possível. Estou realmente envergonhada por conduzir um VW a diesel. E nem tenho a certeza de estar autorizada a conduzir um quilómetro que seja com ele,” afirma a proprietária de um VW Golf Diesel.

A fraude que a VW colocou em prática, para que os seus motores diesel TDI passassem nos testes, acabou por colocar em evidencia a falta de fiabilidade dos próprios exames, dado que, durante os testes, as emissões de gazes são inferiores às emitidas na condução do dia-a-dia.

Em teste, as emissões de óxidos de azoto, são muitas vezes 5 vezes inferiores às de um carro na estrada. Porque os carros a diesel representam 50% das viaturas na Europa, o caso, torna-se também uma questão de saúde. Os óxidos de azoto estão relacionados com doenças respiratórias e cardiovasculares.

O escândalo dos automóveis Volkswagen a diesel afeta grandemente a economia alemã, onde o setor representa 14% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2014 a VW vendeu 9,5 milhões de carros a nível mundial. Para a Alemanha, a exportação de automóveis e peças representaram mais de 200 mil milhões de euros.

O escândalo também provoca embaraço no poder político alemão, cujas ligações com a indústria são fortes, nomeadamente com a Volkswagen.

O Estado da Baixa Saxónia, onde está localizada a sede da VW, é acionista de 20% do grupo, e o seu chefe de governo, assim como o Ministro das Finanças fazem parte do conselho de supervisão do grupo.

Para fazer um balanço desta crise, que está apenas a começar, “Duplex” falou com Pascal Pennec, editor-adjunto da revista automobilística francesa, Auto Plus.

Euronews: Volkswagen, um símbolo de qualidade e fiabilidade é agora acusada de fazer batota. O seu presidente executivo, Martin Winterkorn pediu a demissão do cargo. Um sinal da magnitude da crise?

Pascal Pennec: É um terremoto absolutamente incrível. Na história do automobilismo é bastante raro que os problemas atinjam esta dimensão. É certo que existe um problema fraude, e a fraude foi reconhecida. Assim sendo, o presidente foi praticamente obrigado a sair.

E: É realmente um caso isolado de fraude ou podemos esperar mais revelações sobre outros fabricantes ? As suspeitas são muitas.

PP: As dúvidas são consideráveis, obviamente, sobretudo porque na Europa, onde o diesel vende muito, especialmente em França, onde representa mais de 60% das vendas. Para já, o caso parece estar concentrado nos Estados Unidos, na medida em que parece lógico que eles precisavam de fazer batota para conseguirem satisfazer as normas ambientais norte-americanas, que são mais exigentes do que na Europa. Ou seja, parece que estamos a assumir que na Europa não haveria necessidade de fazer batota. Mas, obviamente, as investigações estão a avançar em várias frentes, e depois logo vemos no que dá. Por outro lado, agora a suspeita também atinge os outros construtores que vendem carros diesel nos Estados Unidos, incluindo BMW e Mercedes.

E: Jóia da indústria automóvel alemã – o famoso “Das Auto” – a Volkswagen vê a sua imagem gravemente atingida. Acha que é toda a indústria automóvel alemã que está em perigo?

PP: Não, não é só a indústria alemã que está em perigo. Podemos considerar que são todos os fabricantes que vendem diesel que estão sob ameaça. Será que vão existir medidas de retaliação ao nível dos estados, ao nível dos consumidores. Em todos os casos, a dúvida está presente. Podemos sempre perguntar se todos fazem batota. Mais uma vez, parece pouco provável, porque para a Europa não é assim tão complicado passar normas ambientais. Mas com as novas normas que vão ser adotadas já vai ser mais complicado. Portanto, será que os fabricantes de automóveis vão conseguir passar nestes testes e com um custo razoável? Vamos ter de adicionar tantos dispositivos antipoluição que vai sair muito caro.

E: Há, hoje, um verdadeiro problema de confiança? Os consumidores ainda podem confiar?

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PP: Bem, se for uma questão de segurança, isso pode deixar o consumidor muito irritado e desconfiado. Mas, em última análise, sobre a poluição, o consumidor é muito egoísta. Se poder não poluir, tanto melhor, mas se se poluir o problema não é dele, é culpa do fabricante, Ou seja, não deve ter consequências terríveis a menos que, de fato, se venha a descobrir que há uma fraude generalizada, e todos os carros não possam circular. Mas isso é ficção científica.

E: De um ponto de vista mais técnico. Com este escândalo, os motores diesel estão novamente no centro das atenções. Não é tempo de mudar para motores elétricos?

PP: No dia em que um carro elétrico for capaz de ter as mesmas performances que um carro diesel, então, podemos falar sobre isso. Mas, por enquanto, é como tentar comparar o dia com a noite. Agora, com o diesel faz-se 1000 quilómetros com um custo muito baixo. Enquanto um carro elétrico é muito mais caro e a autonomia é muito baixa. Não podemos comparar. Conduzir um diesel em estradas e autoestradas é insubstituível. Por agora não há como fugir ao diesel, as soluções técnicas ainda não são suficientes.

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