Ang San Suu Kyi é um símbolo da resistência pacífica à opressão, o que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz. Mas só recebeu pessoalmente o galardão a 16
Ang San Suu Kyi é um símbolo da resistência pacífica à opressão, o que lhe valeu o Prémio Nobel da Paz. Mas só recebeu pessoalmente o galardão a 16 de junho de 2012, após 21 anos de cativeiro.
Na cerimónia declarou: “Quando me veem e me ouvem, recordem uma verdade repetida vezes sem fim: um único prisioneiro de consciência já é demasiado”.
A líder da oposição birmanesa foi laureada em 1991. O marido e os dois filhos, todos cidadãos britânicos, receberam o Prémio em seu nome em dezembro desse ano. Acrescentava-se assim um novo capítulo à lenda.
Esta começa em 1988. Aung San Suu Kyi deixa Inglaterra, onde casou, e regressa à antiga Birmânia para cuidar da mãe doente. Na terra natal fundou a Liga Nacional para a Democracia (LND), numa altura em que nas ruas se contesta a ditadura militar, no poder desde 1962.
Em 1990, a LND vence as eleições com maioria absoluta, mas Aung San Su Kyi está já em prisão domiciliária há um ano. Os militares ignoram os resultados eleitorais e endurecem a repressão.
A 20 de setembro de 1994, o general Than Shwe, presidente da junta militar há mais de 30 anos, encontra-a pela primeira vez. Aung San Su Kyi será libertada um ano depois.
Para lá do carisma crescente, a opositora conta também com o legado do pai, Aung San, herói da independência assassinado quando ela tinha dois anos.
Na luta sacrificou também a vida familiar. O marido, Michael Aris, morreu em 1999, em Inglaterra. Ela não o pôde visitar, com medo de não poder regressar à Birmânia.
No ano 2000, Aung San Suu Kyi voltou a ser sujeita a prisão domiciliária e dois anos depois foi libertada sob pressão da ONU. Voltaria a ser detida em 2003.
Em 2010, o partido do ex-general Thein Sein, o PDSU, ganha as eleições. Um escrutínio boicotado pela LND e por outros partidos.
Aung San Suu Kyi seria libertada dias depois. Uma multidão de admiradores e apoiantes esperava-a à porta da casa onde esteve detida 15 anos, no total.
Em 2011, de forma inesperada, a junta militar autodissolveu-se. O poder passa para as mãos de um regime parcialmente civil, sob comando de Thein Sein.
Nas eleições parciais de 2012, a Liga Nacional para a Democracia conseguiu 43 dos 45 lugares disputados. Aung San Suu Kyi entrava então na Câmara baixa do Parlamento.