Esquerda francesa contra o estado de emergência

Em Paris, vários milhares de pessoas juntaram-se para pedir o fim do estado de emergência, decretado pelo presidente François Hollande depois dos atentados terroristas do dia 13 de novembro e contra o projeto de revisão constitucional que prevê a destituição da nacionalidade francesa aos culpados de atos terroristas.
“Penso que a extensão do estado de emergência é mais que perigosa. Já tinha sido usada durante a COP21 para impedir manifestações de pessoas que não tinham nada a ver com terrorismo. Se o estado de emergência é prolongado, podem usá-lo para muita coisa, mas não para combater o terrorismo”, diz uma manifestante.
Na marcha participou Jean-Luc Mélenchon, eurodeputado e até há pouco tempo líder da Frente de Esquerda. Entre outros “mimos”, Mélenchon disse, numa recente entrevista, que o atual governo socialista é pior que o de Sarkozy: “A ameaça terrorista não justifica o estado de emergência, pelo contrário. A resposta ao terrorismo deve ser mostrar que a nossa democracia está mais viva que nunca”, disse aos jornalistas durante a marcha.
O estado de emergência proíbe a maior parte das manifestações e torna a ação policial mais fácil. Termina no dia 26 de fevereiro, mas deve ser prolongado por mais três meses.
O ponto mais polémico das medidas previstas pelo governo é a destituição da nacionalidade, que na prática só se pode aplicar a quem tem dupla ou múltipla nacionalidade. A medida levou à demissão da ministra da justiça, Christiane Taubira.