Tocha Olímpica e Ibrahim al-Hussein: fugir da Síria em guerra para concretizar sonhos

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A água não apaga a chama de Ibrahim Al-Hussein. Pelo contrário, foi a natação que fez com que no dia 26 deste mês a tocha olímpica esteja nas mãos

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A água não apaga a chama de Ibrahim Al-Hussein. Pelo contrário, foi a natação que fez com que no dia 26 deste mês a tocha olímpica esteja nas mãos deste refugiado sírio em Atenas, para os Jogos de 2016 no Rio de Janeiro.

Para quem já sonhou alto e, com 27 anos, perdeu quase tudo para a guerra, incluindo parte de uma perna, viver é finalmente melhor que sonhar: “Depois de 20 anos consegui concretizar o meu sonho. sempre sonhei em competir nos jogos olímpicos. E agora estou aqui e consegui mais do que isso. Tenho a honra de carregar a tocha olímpica. É o símbolo desta competição e a honra desta competição.”

Preveza at sunrise. #OlympicFlamehttps://t.co/1iEBYrq17u

— Olympic Flame (@OlympicFlame) 23 avril 2016

Ibrahim chegou à Grécia em 2014, depois de atravessar o mar Egeu num barco de borracha. A prótese que usa foi-lhe cedida gratutitamente por um médico grego.

Cresceu em Deir ez-Zor, na Síria e o desporto chegou cedo, através da natação, do basquete e do judo. Saltar da famosa ponte suspensa da cidade para o rio Eufrates era um acto de liberdade sem medo.

O pai, treinador de natação, fez com que o amor pela água se instalasse e crescesse. Nele e nas suas 13 irmãs. Algumas das crianças começaram a nadar em competição desde os 5 anos, acumulando uma colecção de dúzias de medalhas de competições locais e nacionais.

Ibrahim al-Hussein continuou a nadar pela vida fora, entrando em competições e acumulando o trabalho de electricista, até que a guerra veio em 2011 e lhe levou a ponte, destruída nos combates, e um pedaço da perna direita, quando tentava ajudar um amigo ferido e uma boma o atingiu.

No ano seguinte voou para a Turquia onde se empenhou a reaprender a andar sozinho, a recuperar.
No centro de Atenas, o apartamento que mantém não indicia a Síria de que fugiu: não há fotos, não há recordações, as memórias são demasiado dolorosas. Não fala da família que ficou no país sob fogo: perdeu contacto com muitos deles.

“Os meus olhos só vêem para a frente”, diz Ibrahim. “Não consigo pensar no passado. Se me lembro de tudo aquilo que ficou para trás, isso vai atrasar-me.”

Sente-se em casa, na Grécia, diz que o modo como as pessoas se cumprimentam é igual àquele com que cresceu, fez amigos, quer ficar.

Quando chegou, nadou pela primeira vez em 5 anos. Sem parte da perna. O treinador, Eleni Kokkinou, assistiu e lembra-se de o ouvir dizer “eu sou um bom atleta” e não “eu era”.
O objectivo na altura era voltar a tocar o seu melhor tempo dentro de água, nos 50 metros de estilo livre.
Ibrahim agora fá-los em 28 segundos. Menos 3 segundos do que aquilo que considerava o seu melhor tempo, pouco tempo antes de perder parte da perna.

Treina natação três vezes por semana, faz basquete 5 vezes por semana, trabalha num café 10 horas por noite. Do desporto, diz que não é um jogo, mas a sua vida toda. O resto, ficou para trás, não se quer mesmo atrasar.

Mais de um milhão de refugiados e migrantes chegaram à Europa em 2015, mais cerca de 180 mil em 2016, até agora. A maior parte deles passou pela Grécia, em direcção a outros países.

A tocha olímpica foi acesa a 21 de abril numa cerimónia em Olímpia, o local onde os antigos Jogos Olímpicos era realizados. Ibrahim vai levá-la através de Eleonas, uma acomodação temporária em Atenas para cerca de 1500 refugiados.

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