Fátima: História de uma controvérsia que começou há 100 anos

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São várias as controvérsias em torno da narrativa religiosa nascida há um século: as Aparições sempre geraram desconfianças e isso nunca foi segredo para ninguém.

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Há ainda uma parte do segredo de Fátima que o Vaticano não quer revelar. João Paulo II interpretou erroneamente a profecia relativa à morte de “um bispo vestido de branco”. As primeiras descrições do sucedido continham informações diferentes. Estas são, pelo menos, algumas das controvérsias que acompanham uma narrativa religiosa que nasceu há 100 anos. Que, para além de devoção, Fátima sempre geroupaixões e desconfianças, nunca foi segredo para ninguém.

Em 2014, o Santuário de Fátima recebia autorização do Vaticano para expor pela primeira vez ao público o documento manuscrito no qual a Irmã Lúcia revelava a terceira parte do segredo comunicado nas aparições. Entre as raríssimas vezes que essa carta saiu da Santa Sé conta-se o momento em que o Papa João Paulo II pediu para a ver quando ainda estava internado na Policlínica Gemelli, na sequência do atentado sofrido em 1981, quando Mehmet Ali Ağca disparou sobre ele. Depois atribuiria à Virgem Maria o facto de ter sobrevivido.

A omissão de uma parte do segredo

O texto foi escrito em 1944, em Tui, na Galiza, para onde Lúcia se refugiou 19 anos antes, fugindo da curiosidade coletiva.

Chegou primeiro a Pontevedra sob anonimato. Entrou para a Congregação das Doroteias. Aí ficou até 1948, ano em que iniciou a clausura no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde permaneceu até à sua morte em 2005.

As duas primeiras partes do segredo foram escritas em 1941. Lúcia não tinha a intenção de registar a terceira, uma vez que “não teria sido autorizada a isso”. No entanto, acabou por fazê-lo 3 anos mais tarde, por influência do bispo de Leiria, numa altura em que Lúcia se encontrava doente.

O conteúdo do manuscrito com o derradeiro segredo só foi revelado pelo cardeal Angelo Sodano a 13 de maio de 2000, no âmbito da beatificação de Francisco e Jacinta. Mas segundo o escritor italiano Antonio Socci, autor de “O Quarto Segredo de Fátima”, o Vaticano omitiu uma outra parte deste segredo.

Socci garante que a Santa Sé está a esconder informações e apresenta como base os dados contraditórios evidenciados pelo cardeal Loris Francesco Capovilla, o antigo secretário de João XXIII, o primeiro Sumo Pontífice a ler o segredo.

O autor fala, nomeadamente, na existência de dois envelopes diferentes, supostamente contendo o segredo, que teriam sido abertos em datas distintas.

Seria João Paulo II “o bispo vestido de branco”?

Os relatos iniciais das três crianças falavam de uma Virgem Maria com um vestido “até ao joelho” e, no caso de Lúcia, fazia-se referência ao fim da Primeira Guerra Mundial no ano de 1917, o que não se veio a verificar.

Durante um ano e meio, o jornalista João Céu e Silva investigou os acontecimentos da Cova da Iria, em 1917, junto dos representantes do Santuário de Fátima, assim como o impacto de tudo o que veio a seguir.

O resultado é um livro intitulado “A Profecia que Assusta o Vaticano”, no qual defende a tese de que João Paulo II se apropriou ou interpretou de forma pessoal- a mensagem relativa ao último segredo, sobre a morte de “um bispo vestido de branco” que teria atravessado “uma cidade meia em ruínas”.

Céu e Silva deixa no ar a possibilidade de se tratar de uma profecia que ainda está por acontecer.

Na pré-publicação do seu livro no Diário de Notícias, podemos ler que “se esta interpretação de João Paulo II poderia sossegar os representantes máximos da Igreja Católica quanto à ameaça que está presente no Segredo, não é o que irá acontecer. Caberá ao papa seguinte, Bento XVI, esclarecer o significado teológico dessa terceira parte, através de uma leitura desmistificadora da profecia ainda antes de ser eleito sumo pontífice (…)”.

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