A missão assumida é esquadrinhar uma vasta área a cerca de 50 quilómetros a norte da capital líbia, Trípoli, onde ocorre a maior parte dos naufrágios.
Dois pilotos franceses decidiram levar o conceito de voluntariado até um patamar muito pouco habitual: utilizaram as poupanças que tinham para comprar um avião e ajudar nas operações de socorro aos migrantes que tentam atravessar o Mediterrâneo. Têm como missão esquadrinhar uma vasta área a cerca de 50 quilómetros a norte da capital líbia, Trípoli, onde ocorre a maior parte dos naufrágios.
"Nas nossas conversas com as ONG que estão presentes naquela zona e que costumam fretar barcos de socorro, descobrimos que às vezes não conseguem detetar pequenas embarcações em situação de risco que estão apenas a escassas centenas de metros. E se essas embarcações não forem rapidamente detetadas, acabam por afundar. Muitas ficam sem combustível após algumas horas de travessia. Ficam à deriva e, como costumam ser barcos pneumáticos extremamente precários, vão perdendo solidez. Hoje em dia, esta zona do Mediterrâneo é o maior cemitério de exilados do mundo", afirma um dos pilotos, José Benavente.
"Perguntam-nos muitas vezes como é que fazemos para salvar pessoas com o nosso avião. Se conseguimos aterrar junto aos barcos, se podemos atirar alimentos, coletes salva-vidas... Não. A nossa missão é observar a partir do céu para que os barcos de socorro possam ajudar as embarcações em dificuldades", explica o outro impulsionador do projeto, Benoit Micolon.
E essa vigilância, salientam, é cerca de cem vezes mais eficaz do que a feita a partir do mar. O facto é que, só este ano, já morreram mais de 600 migrantes no Mediterrâneo.