"Europa continua só face a Trump"

Access to the comments Comentários
De  Christophe Garach
Eric Maurice, responsável da Fundação Robert Schuman, em Bruxelas
Eric Maurice, responsável da Fundação Robert Schuman, em Bruxelas

Que podem os europeus esperar destas eleições intercalares americanas?

Para responder a esta pergunta, a Euronews entrevistou o responsável da Fundação Robert Schuman, em Bruxelas, Eric Maurice.

Christophe Garach, Euronews - "Donald Trump corre agora o risco de ver a sua política refreada pelos democratas na câmara dos representantes. Isso pode vir a mudar alguma coisa em termos comerciais, para os Europeus, após as tensões dos últimos meses?"

Eric Maurice, Fundação Robert Schuman - "Isto muda a relação de forças ao nível interno, mas o presidente continua a ser o principal responsável da política externa e da política comercial - tanto mais que o senado é a mais forte das duas câmaras. Para os europeus, infelizmente, não deve mudar grande coisa. Sobre o Irão, o acordo de Paris para o clima e mesmo em termos comerciais, os europeus estão sós face a Trump e à Casa Branca e têm, sobretudo, de manter-se unidos e de defender os seus interesses face a Trump, sem contar com os democratas para os salvarem das difíceis negociações futuras com o presidente americano."

Euronews - "O presidente americano, desde que foi eleito, não estará a aproveitar-se das fraquezas estruturais da Europa, como o Brexit e o crescimento dos nacionalismos?"

**Eric Maurice - "Aproveita-se das incertezas criadas pelo Brexit, das divisões na questão migratória mas, apesar de tudo, os europeus mantêm-se unidos, nomeadamente, nas questões comerciais: face às tarifas do aço e do alumínio ou à ameaça sobre os automóveis europeus. Não tentaram fazer acordos bilaterais já que o comércio se faz a 27 - ou a 28, ainda com o Reino Unido - e, nisso, Trump não conseguiu dividir os europeus. No entanto, face às eleições europeias, tenta encorajar o crescimento dos partidos eurocéticos, dos partidos antieuropeus e também aí vai ser necessário que os governantes europeus façam um esforço de união e, sobretudo, que mantenham um método claro face a Donald Trump e aos Estados Unidos".
**