Depois de mais de dez meses no terreno, intervenção do Exército na segurança do Rio de Janeiro chega ao fim a 31 de dezembro. Vários indicadores de violência baixaram, mas registou-se forte aumento nas mortes durante ações policiais
A intervenção do Exército na segurança pública do Rio de Janeiro chega ao fim a 31 de dezembro.
Decidida em fevereiro pelo presidente Michel Temer, que considerava que as autoridades locais eram incapazes de responder ao recrudescimento da violência, a medida excecional foi classificada de um "sucesso" pelo General Walter Braga Netto, principal responsável da chamada "intervenção federal", durante a cerimónia oficial para marcar o fim da operação:
"Atividade inédita e extraordinária que, após dez meses de trabalho, atingiu todos os objetivos propostos, de maneira a recuperar a capacidade operativa dos orgãos de segurança pública e baixar os índices de criminalidade. Temos a convicção de que trilhámos um caminho difícil e incerto, mas cumprimos a missão."
Mas para a população, sobretudo nas áreas mais desfavorecidas, o balanço é bastante menos convincente. José Luiz é alfaiate na Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro:
"Esta intervenção é mais politica do que efetiva, então eu acho que nada mudou. [...] A política repressiva nunca muda."
Os números também põem em questão o balanço dos 319 dias de operação, para a qual tinha sido destinado o equivalente a 270 milhões de euros.
Se, por um lado, se registou uma redução de alguns indicadores da violência, como o número de roubos, por outro houve um aumento de quase 40% no número de mortes em ações policiais.